O Dia

Yvonne e o Uerê

- Ricardo Cravo Albin Presidente do Inst. Cultural Cravo Albin

Otítulo aí de cima liga uma mulher extraordin­ária a um projeto educaciona­l para crianças de favelas chamado Uerê.

A professora e socióloga Yvonne Bezerra de Mello fez história no Rio quando veio a socorrer alguns dos poucos sobreviven­tes da tragédia que vitimou os meninos mendigos da Candelária, ato monstruoso que ecoou nos corações do Rio, do Brasil e do mundo. Ecoaria com vigor de seta certeira, contudo, sobre Yvonne, que já cuidava piedosamen­te das crianças de rua e que, por acaso do destino, foi a primeira a chegar ao local do massacre. Isso marcou o caráter destemido desta mulher que, jovem, bela e rica, além de culta (com doutorado pela Sorbonne), poderia apenas trafegar pelos convescote­s de socialites.

Logo depois, ela criaria o projeto Uerê, nele injetando sua fibra e dentro dele aplicando seus conhecimen­tos acadêmicos.

O Uerê, hoje de fama internacio­nal, é uma escola que aplica uma pedagogia desenhada com originalid­ade única para atender crianças de favela, as traumatiza­das pela violência que vivenciam diariament­e. Ou seja, Yvonne refletiu sobre uma realidade cruel: os bloqueios cognitivos e emocionais das crianças. Pesquisand­o, tal qual cientista comlupa,eladescobr­iuoantídot­o para tentar curar e reabilitar aquelas alminhas doentias. E colocou de pé a escola mais original de que tive conhecimen­to.

Yvonne instalou-se no Complexoda­Maré,logoele,omaisferoz em violência, em tráfico de drogas, em miséria. Ali, ela abriga 430 crianças (entre 6 e 18 anos)reconhecid­amentefust­igadas pelo dia a dia do desajuste, dos tiroteios, das mortes inesperada­s. A par do tratamento psicológic­o, elas recebem três refeições ao dia, além de aulas curricular­es e de ensino técnico.

Poucas instituiçõ­es amparam o Uerê, algumas delas internacio­nais, a começar pela Unesco. Há algum tempo, a brava Yvonne me disse que precisa de apoio, inclusive alimentos para os quase 500 alunos. Vamos abrir portas?

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