Yvonne e o Uerê
Otítulo aí de cima liga uma mulher extraordinária a um projeto educacional para crianças de favelas chamado Uerê.
A professora e socióloga Yvonne Bezerra de Mello fez história no Rio quando veio a socorrer alguns dos poucos sobreviventes da tragédia que vitimou os meninos mendigos da Candelária, ato monstruoso que ecoou nos corações do Rio, do Brasil e do mundo. Ecoaria com vigor de seta certeira, contudo, sobre Yvonne, que já cuidava piedosamente das crianças de rua e que, por acaso do destino, foi a primeira a chegar ao local do massacre. Isso marcou o caráter destemido desta mulher que, jovem, bela e rica, além de culta (com doutorado pela Sorbonne), poderia apenas trafegar pelos convescotes de socialites.
Logo depois, ela criaria o projeto Uerê, nele injetando sua fibra e dentro dele aplicando seus conhecimentos acadêmicos.
O Uerê, hoje de fama internacional, é uma escola que aplica uma pedagogia desenhada com originalidade única para atender crianças de favela, as traumatizadas pela violência que vivenciam diariamente. Ou seja, Yvonne refletiu sobre uma realidade cruel: os bloqueios cognitivos e emocionais das crianças. Pesquisando, tal qual cientista comlupa,eladescobriuoantídoto para tentar curar e reabilitar aquelas alminhas doentias. E colocou de pé a escola mais original de que tive conhecimento.
Yvonne instalou-se no ComplexodaMaré,logoele,omaisferoz em violência, em tráfico de drogas, em miséria. Ali, ela abriga 430 crianças (entre 6 e 18 anos)reconhecidamentefustigadas pelo dia a dia do desajuste, dos tiroteios, das mortes inesperadas. A par do tratamento psicológico, elas recebem três refeições ao dia, além de aulas curriculares e de ensino técnico.
Poucas instituições amparam o Uerê, algumas delas internacionais, a começar pela Unesco. Há algum tempo, a brava Yvonne me disse que precisa de apoio, inclusive alimentos para os quase 500 alunos. Vamos abrir portas?