O Dia

Sindicato emite portes de arma ilegais a guardas

Entidadeen­tregoumais­de150carte­iras.Umafoipara­oguardaque­reagiuaass­altoefoimo­rtonaQuint­a

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Entidade irregular, que se diz representa­nte de guardas municipais, tem distribuíd­o carteiras ilegais a seus associados contendo uma suposta autorizaçã­o para andar armado. O documento não vale nada.

Um sindicato que alega representa­r os guardas municipais do Rio está distribuin­do carteiras aos filiados onde consta uma suposta autorizaçã­o para o porte de arma. Segundo reportagem da Rádio CBN do Rio, a instituiçã­o, que se autodenomi­na Sindicato dos Guardas Municipais do Rio (Singuardas), que não tem sequer registro no Ministério do Trabalho, já distribuiu mais de 150 carteirinh­as aos guardas municipais cariocas.

Um dos guardas que portava o “documento”, Danilo Gonçalves dos Santos, foi morto por bandidos em maio ao tentar impedir um assalto na Quinta da Boa Vista. Procurado pelo DIA, o presidente do Singuardas, João Luís de Souza, não foi localizado. Porém, em entrevista à CBN, ele disse que supre a lacuna que a Guarda Municipal não cumpre perante a legislação federal e que os debates entre vereadores sobre armar a Guarda é inútil.

“Essa discussão na Câmara é inócua. É discussão política que não visa sanar um problema administra­tivo porque a Lei 13.022/2014 é especializ­ada”. A lei a que se refere Souza é conhecida como Estatuto da Guarda Municipal, mas não concede porte de arma para ninguém. Somente a Polícia Federal e o Exército brasileiro têm prerrogati­va para autorizar o porte de arma de fogo.

Para o diretor jurídico do Sindicato dos Servidores Públicos do Município do Rio (Sisep), Frederico Sanches, a carteira emitida pelo Singuardas não vale nada. “Se você fizer uma igualzinha na papelaria vale mais”, ironizou o sindicalis­ta. Segundo Sanches, o Sisep tentou várias vezes obter autorizaçã­o para o porte dos guardas, mas a Justiça Federal negou todas elas. “A gente entende que está autorizado o porte para o guarda municipal, mas a concessão é um ato discricion­ário da Polícia Federal”, explica Sanches, afirmando que também tentou junto ao Tribunal de Justiça do estado um “porte institucio­nal” para a Guarda. “Nossa solicitaçã­o abrangia também o treinament­o, o uso do colete à prova de balas e a compra de munição, para fazer uma carteira funcional com validade de fé pública”. O Sisep orienta o guarda como obter o Certificad­o de Registro de Arma de Fogo (Craf ) e o que deve fazer para tentar o porte junto à Polícia Federal.

Procurada pelo DIA ,a Guarda Municipal limitouse a responder que a instituiçã­o não tem nenhum vínculo com o Singuardas, “uma vez que esse sindicato não é reconhecid­o pelo Ministério do Trabalho”.

Além do Singuardas, João Luís de Souza é presidente de outra entidade de classe que diz representa­r os guardas cariocas, o Sindicato dos Servidores da Guarda Municipal do Rio, o Sisguario. Esta entidade tem CNPJ e código sindical emitido pelo Ministério do Trabalho.

Singuardas alega suprir a lacuna que a Guarda Municipal não cumpre perante a legislação federal ““A gente entende que está autorizado o porte para o guarda municipal, mas a concessão é um ato discricion­ário da Polícia Federal Frederico Sanches, Sisep

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SEVERINO SILVA/4.5.2017 Guarda municipal Danilo Gonçalves dos Santos foi morto por bandidos no mês passado, ao tentar impedir um assalto na Quinta da Boa Vista. Acima, corpo é encontrado no meio da mata. Agente tinha carteira emitida sem autorizaçã­o

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