‘Não estou arrependida, não fiz nada de errado’
Ao sair do depoimento que prestou na 16ª Delegacia Policial, a médica Haydée Marques (foto) negou que seja responsável pela morte do pequeno Breno, de um ano e meio. “Não sou pediatra, não sou neurologista”, disse ela. A mãe da criança, Rhuana Rodrigues,
u não sou criminosa, não sou pediatra. A criança não corria risco de vida e, por isso, chamei outra ambulância”. Esta foi uma das alegações da médica Haydee Marques da Silva ao sair do depoimento prestado ontem na 16ª DP (Barra da Tijuca) no inquérito em que é suspeita de omissão de socorro na morte de Breno Rodrigues Duarte da Silva, de um ano e meio. “Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou triste e muito abalada pela criança ter morrido. Não acho que tenha sido responsabilidade minha a morte”, acrescentou.
Populares que estavam na porta da delegacia gritaram palavras como ‘assassina’ e ‘está brava a senhora, pega ela’. Questionada, a médica respondeu chorando que primeiro se “acusa e condena e depois se apura”. E declarou: “Fui atender um bebê que não corria risco de vida, que tinha um profissional de saúde em casa. Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte eu atendo, mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era baixa. Me foi passado pela técnica que era uma gastroenterite, com neuropatia”, disse a médica, de 59 anos.
O advogado da família do menino, Gilson Moreira, disseesperarqueelasejaindiciada por homicídio qualificado e não por homicídio culposo. “Ela já cometeu outras infrações e acreditamos que a tipificação será alterada. Ela chorou, mas saiu do depoimento com a frieza com que entrou”, criticou Moreira.
Para a delegada Isabelle Conti, ainda não há indícios de homicídio doloso (quando se tem intenção de matar). “Ainda há muitas provas a seremproduzidas.Segundonarrado, ela não tinha consciência da gravidade da situação. Vamos ouvir novamente a mãe da vítima, que disse ter novos fatos para contar. Vamos ouvir a técnica de enfermagempresentenaambulância,entreoutrastestemunhas da área de saúde, como tambémomédicodaUnimedque atendeuaochamadoeamédica que constatou o óbito”.
Ainda segundo a delegada, a médica ficou bastante emocionada. “Não podemos colocá-la como reincidente. Podemos usar este fato apenas para traçar seu perfil. Caso seja necessário, ela será chamada novamente (a depor)”.
Para o advogado, as razões que a médica apresenta em sua defesa não têm fundamento. “O fato de não ser pediatra não a exime de realizar o atendimento”. Segundo ele, Haydeesabiaqueoquadrode Breno era grave. Os pais da criança pretendem processar e pedir indenização por danos morais à Unimed e à Cuidar Emergências Médicas, responsável pelo serviço de ambulância. O advogado cobrou ainda punição por parte do Cremerj. “A conduta dela é reprovávelpelasociedade.Essasenhoranãotemcompetência, maturidade nem equilíbrio emocional para exercer a profissão.Precisaserafastada dasatividades”,cobrou.