Relator recomenda denúncia de Temer
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Odeputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) apresentou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara parecer favorável à autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) processe Michel Temer por crime de corrupção. O posicionamento do parlamentar já era esperado. O que surpreendeu foi o tom duro do relatório, que dificulta a defesa do presidente no colegiado.
“Temos indícios que são por si só suficientes para ensejar o recebimento da denúncia. Estamos diante de indícios suficientes de materialidade. Não é fantasiosa a acusação, é o que temos e deve ser investigada”, disse Zveiter.
O relatório agora será discutido e votado na CCJ, antes da votação que vale, de fato, que é a do plenário. O governo, no entanto, se esforça para não perder na comissão. Para isso, os partidos da base aliada estão, abertamente, trocando os deputados que tenderiam a votar contra Temer.
O PR trocou quatro dos cinco titulares do partido na CCJ. Bilac Pinto (MG) entrou no lugar de Delegado Waldir (GO), que votaria a favor da denúncia. Furioso, Waldir compareceu à comissão gritando: “Bandidos!”. Ele acusou o governo de compra de votos. “Governo corrupto, vai cair”, bradou.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) reconhece que as trocas vão interferir no placar da CCJ e que o “rolo compressor” do governo deve resultar em um vitória de Temer na CCJ. “Foi um relatório muito contundente”, definiu o deputado .“Já no plenário não dá para trocar deputado”.
Zveiter disse que a autorização do processo “é imperiosa” para que a sociedade conheça a verdade sobre o caso. “Na dúvida, autoriza-se a investigação”, disse ele, sobre a acusação de que Temer teria se beneficiado de propina paga pela JBS.
Caso a denúncia seja aceita, Temer ficará afastado por até 180 dias, enquanto o processo corre no STF. Zveiter destacou que a CCJ “não condena ou absolve, apenas admite ou não a acusação”. “A denúncia tem que ser recebida. É necessária a apuração sobre a suspeição”, defendeu.
Em resposta a Zveiter, o advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz, voltou a desafiar a PGR a apresentar provas que atestem que o presidente cometeu o crime de corrupção passiva. “Quando o presidente da República recebeu um níquel sequer? É mentira, infâmia, indignação”, bradou.