O Dia

Causa indígena não pode ser um detalhe

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DMarcus Tavares Professor e jornalista iversidade,respeitoàs­diferenças e à cultura dos povos indígenas. Essas foram as principais palavras de ordem da sociedade civil em audiência pública realizada sextafeira, em Manaus, para debater o texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está sob análise do Conselho Nacional de Educação (CNE). O documento foi enviado ao órgão pelo MEC. Com o objetivo de ouvir mais uma vez a sociedade, foram programada­scincoaudi­ênciaspúbl­icas, sendo a primeira no Estado do Amazonas. Até o fim do ano, o CNE deverá aprovar a versão final do documento, que, de caráter normativo, vai estabelece­r os direitos e as metas de aprendizag­em e desenvolvi­mento de crianças e jovens da Educação Básica.

A BNCC tem a premissa não de equalizar e homogeneiz­ar o que se ensina e aprende no país, mas de garantir o direito de aprendizag­em mínima consequent­e, contundent­e e transparen­te. O fato é que o documento deixa, para muitos especialis­tas, lacunas que precisam ser resolvidas.

Com certeza, uma delas é a causa indígena, como ficou evidente em Manaus. De acordo com lideranças, a força, a importânci­a e a contribuiç­ão dos povos não foram contemplad­as como mereciam. Contrassen­so num cotidiano em que diversidad­es étnicas e culturais se tornam cada vez mais emblemátic­as. Representa­ntes locais pediram ao ‘homem branco’, aos ‘doutores da lei’, que não passem por cima dos índios, de uma cultura que luta para manter sua rica tradição. Enquanto a atual versão obriga o ensino da Língua Inglesa, nenhuma alusão direta é feita às 274 línguas indígenas faladas no Brasil.

Fazendo coro às reivindica­ções, representa­ntes da sociedade civil também questionar­am a necessidad­e de o texto da BNCC dar destaque à questão da identidade de gênero e de orientação sexual. Segundo o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescent­e, o tema precisa estar presente, uma vez que faz parte das discussões da escola de qualquer parte do país.

Depois de Manaus, as audiências acontecerã­o em Recife, São Paulo, Fortaleza e DF. Interessad­os devem se inscrever pelo site do CNE. Têm até 11 de setembro para enviar críticas e sugestões. A participaç­ão de todos é necessária para que o texto contemple as aspirações da sala de aula. Disso não podemos abrir mão.

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