FORÇAS ARMADAS NAS RUAS
De surpresa, militares ocupam 22 locais do Grande Rio
Bem que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, avisou que as ações das Forças Armadas no Rio seriam feitas de surpresa. Ontem, por volta das 14 horas, subitamente começaram a surgir soldados de farda verde-oliva, com blindados, em 22 pontos da Região Metropolitana, inclusive no entorno do Complexo do Chapadão, em Costa Barros, um dos quartéis-generais do crime organizado. Com um decreto presidencial em edição extraordinária do Diário Oficial, começou a operação de tropas federais para combater a escalada da violência no estado. Ao todo, estão mobilizados 10 mil homens e mulheres — 8,5 mil das Forças Armadas, 620 da Força Nacional e 1.120 da Polícia Rodoviária Federal.
Nesta primeira etapa, chamada de ‘O Rio quer Segurança e Paz’, os agentes realizaram ações de reconhecimento e ambientação. As tropas se posicionaram no Arco Metropolitano, na saída da Ponte Rio-Niterói, nas linhas Vermelha e Amarela, Ilha do Governador, em São Gonçalo, no Centro e na orla do Rio. Soldados também patrulharam as passarelas sobre a Avenida Brasil. Nas ruas, a chegada dos militares foi comemorada. “Finalmente, acho que vai dar um alívio. Está demais. É muito roubo de carro nessa área”, disse um morador da Pavuna ao ver as tropas em um dos acessos ao Chapadão.
Segundo Jungmann, o elemento surpresa é aspecto essencial ao plano e os locais de patrulhamentos e ocupações não serão informados com antecedência. “O objetivo é golpear o crime organizado, e não apenas criar uma sensação de segurança”, pontuou.
A integração entre as forças de segurança deve seguir o modelo empregado durante a Olimpíada. O comandante da operação, o general da 1ª Divisão do Exército, Mauro Sinott, explicou que as tropas vão aproveitar instalações do Exército já existentes: a 9ª Brigada da Vila Militar; a Artilharia Divisionária, em Niterói e São Gonçalo; a Marinha do Brasil, na região Centro Sul; a Brigada Paraquedista, na Zona Oeste; e a Aeronáutica, na Ilha do Governador. “O princípio é o máximo de sinergia com economia de recursos”, disse o militar. O ministro Jungmann já havia reclamado do alto custo na ocupação do Complexo do Maré, onde foram gastos R$ 400 milhões.
O ministro da Defesa ressaltou que é a primeira vez que uma operação de Garantia da Lei e da Ordem — recurso constitucional utilizado 29 vezes desde 2010 — é formatada desta maneira e que outros estados podem receber planos semelhantes. “O Rio de Janeiro é o Brasil e o Brasil é o Rio de Janeiro. Não é exclusividade o que se vive aqui, é um problema de todos os estados brasileiros”, afirmou.
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, destacou que a operação começa na fronteira do Brasil, onde agentes da PRF atuam no patrulhamento das entradas para o país. “As operações especiais são para desde lá cortar o fluxo do comércio ilícito”, explicou Torquato.