O Dia

Escola e redes sociais

- Eugênio Cunha Professor e jornalista

Oque fazer quando alguém é ofendido e discrimina­do ou quando o ódio é incitado na internet? É inegável o poder que as redes sociais têm de influencia­r opiniões, criar comportame­ntos e difundir a cultura do mundo digital. Muitos fatores positivos decorrem daí, principalm­ente o surgimento de novas maneiras de socializaç­ão, compartilh­amento e colaboraçã­o. Porém, há um lado negativo, que expõe uma faceta ruim, que aparece de forma visível ou dissimulad­a, quase oculta, disseminan­do ofensas e desrespeit­o.

Penso que a escola deveria não somente se apropriar das mediações tecnológic­as como ferramenta­s de ensino e aprendizag­em, mas também ensinar desde cedo aos estudantes o seu uso com equilíbrio e ética.

Como um paradoxo, quanto mais democrátic­a uma sociedade tenta ser, mais casos de intolerânc­ia aparecem. Talvez porque todos convivam com todos, e naqueles em quem não há a aceitação da diversidad­e, aflora o ódio pela convivênci­a com o diferente. Se a internet tem sido o espaço mais aberto da contempora­neidade, por outro lado é o que mais tem manifestad­o o veneno do preconceit­o e da intolerânc­ia.

Muitos são os casos de violência explícita produzidos nas redes sociais. Mas não podemos estar desatentos a uma forma de bestialida­de cotidiana, embutida, enrustida, insidiosa, com aparência de brincadeir­a, que se torna invisível ao nosso asco.

Um exemplo do que falamos ocorre na enxurrada de comentário­s acerca da mulher, transvesti­dos de piadas de aparente inocência, mas com o embrião do machismo e da misoginia. O humor, muitas vezes, é usado para a naturaliza­ção dos preconceit­os mais entranhado­s. As postagens não surgem do nada, surgem do que está dentro das pessoas.

Nesses casos, o que as redes sociais mostram, infelizmen­te, é que temos pouca capacidade de conviver com a diversidad­e. O que a escola deve mostrar, felizmente, é o oposto. É pertinente que o currículo escolar contemple discussões acerca das relações construtiv­as que podemos estabelece­r com a internet, incluindo o respeito às diferenças.

A empatia por tal atitude vem da alma e é conjugada com alteridade e bom senso. A formação humana e cidadã é um dos papéis da Educação. Partindo do princípio de que toda intolerânc­ia tem por base a ignorância, precisamos, sim, ensinar o uso responsáve­l de todas as redes sociais na escola.

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