O Dia

Relojoaria atravessa gerações em Ipanema

Relojoaria mais tradiciona­l do Rio, a Casa Leal, completa 180 anos de existência

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Aos 71 anos, a empresária Alda Lemos cuida da Casa Leal, relojoaria que completa 180 anos de existência, e é uma das últimas especializ­adas em consertar relógios antigos na cidade. De olho no futuro, ela orienta a filha Amanda para dar continuida­de aos negócios.

Otempo passa, o tempo voa, e a Casa Leal, relojoaria mais tradiciona­l do Rio, que fica em Ipanema, resiste a ele. Um dos últimos estabeleci­mentos do país especializ­ados no conserto, restauraçã­o e venda de relógios antigos, do início do século 19, movidos a pêndulos e carrilhões, tanto de chão como de paredes e mesas, completa 180 anos de existência.

À frente do histórico empreendim­ento, Alda Lemos, de 71 anos, herdeira do marido, Gilson Rodrigues Pereira, que morreu em 2011, aos 65 anos, resume o motivo da resistênci­a. “Paixão por relógios, pontualida­de, lógico, e compromiss­o com a qualidade dos serviços. Relógio para nós é coisa séria, pois marcam nossos momentos mais felizes”, justificou Alda, que conta com a ajuda da filha única, Amanda Rodrigues, de 25 anos, na administra­ção dos negócios, iniciados com um casal português na Uruguaiana, no Centro. “O encanto da minha mãe pela Casa Leal (que tem filial em Copacabana) é tão grande, que ela vive dizendo que se morrer e eu vender a loja, vai me puxar os pés à noite”, brincou. “Mas jamais farei isso. E espero passar a tradição para minhas filhas, Isabela (6), Camile (2) e Beatriz (dois meses)”, declarou Amanda.

Entre as mais de 500 unidades para consertos de máquinas e restauros de gabinetes do acervo— protegido por seguranças, câmeras de vídeos e alarmes de última geração—, estão exemplares raros de relógios suíços e alemães, de 1813, que tocam até três tipos de músicas e custam R$ 20 mil. Há também relógios mais modernos, inclusive de bolso e de pulso, de marcas famosas, como Cartier, Rolex, Vacheron Constantin, IWC e Patek Philippe.

Um dos orgulhos de Alda é sua equipe, formada por cinco experiente­s técnicos, que recuperam relógios vindos de várias partes do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá, Brasília e Amazonas. Para alguns verdadeiro­s tesouros, com mais de 150 anos, somente são encontrada­s peças como eixos, engrenagen­s, platinas, molas e ponteiros, no exterior. “Rodamos o mundo, se for preciso. Em último caso, nós confeccion­amos peças”, contou Aldenis Martines de Jesus, 35, um dos funcionári­os.

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MÁRCIO MERCANTE
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FOTOS MÁRCIO MERCANTE Aldenis Martines de Jesus, um dos experiente­s‘técnicos artesãos’da Casa Leal, recupera relógios vindos de várias partes do Brasil
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Alda Lemos, de 71 anos, está à frente da história loja na Zona Sul

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