Ex-prefeito de São Gonçalo é preso acusado de fraude
Para Ministério Público, desvio na gestão Neilton Mulim passou de R$ 40 milhões
Oesquema de superfaturamento na contratação de uma empresa de iluminação pública em São Gonçalo, que levou para a prisão ontem, o ex-prefeito da cidade, Neilton Mulim (PR), e outras 10 pessoas, incluindo o ex-secretário de Urbanismo, Francisco José Rangel, pode ter desviado R$ 40,6 milhões dos cofres públicos. Mulim foi acusado pelo Ministério Público Estadual de liderar o grupo que cometeu irregularidades no processo de licitação no município, em 2014, para favorecer a empresa Compilar Entretenimento Prestadora de Serviços Eireli, com contrato de R$ 15,5 milhões ao ano, um aumento de 200% em relação ao vínculo anterior.
Além das prisões, 26 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, expedidos pela juíza Myriam Therezinha Simen Rangel, da 5ª Vara Criminal de São Gonçalo. Durante a Operação Apagão, ontem, agentes encontraram R$ 277 mil em sacolas plásticas, em uma mala, na casa dos pais de Mulim, em São Gonçalo. Ele foi preso pela manhã, em Maricá, em um imóvel de luxo avaliado em R$ 1,5 milhão.
Quando ficaram sabendo da prisão, moradores de São Gonçalo foram até Maricá. “A gestão dele foi uma das piores. Quero ter certeza de que ele está atrás das grades”, declarou o corretor Marco Oliveira, 35 anos.
O ex-prefeito prestou depoimento por cerca de três horas na 82 ª DP (Maricá), acompanhado por quatro advogados. Os sócios da Compilar, Paulo Roberto de Souza Cruz, Marcelo Araújo dos Santos e Wanderson Gonçalves Lopes também foram presos.
O contrato da prefeitura com a empresa era para um serviço de exclência, com a implantação de um sistema que, dos 65 mil pontos de iluminação no município, a tolerância de luzes apagadas seria de apenas 3%. No entanto, promotores afirmaram que a Compilar não cumpriu sequer com serviços básicos. Para favorecer a empresa na licitação, o grupo teria colocado exigências técnicas que eram atendidas apenas pela empresa. Com a quebra do sigilo fiscal, foi constatado que a Compilar sacou R$ 17,5 milhões em espécie nos últimos três anos. “O serviço foi usado para beneficiar o prefeito e seus cabos eleitorais. Alguns caminhões da empresa ficavam à disposição de vereadores para atender interesse de aliados”, declarou a promotora Karine Cuesta.