Geddel é preso por causa das malas de dinheiro
Juiz citou laudo da perícia que constatou haver digitais do ex-ministro na dinheirama
Ex-ministro, que estava em prisão domiciliar em Salvador, foi levado para o Presídio da Papuda, em Brasília. Polícia Federal encontrou indícios de que fortuna encontrada em apartamento seria dele.
Geddel Vieira Lima (PMDB/BA), ex-ministro de Lula e de Temer, foi enviado à prisão ontem após a descoberta de malas repletas de dinheiro em um apartamento em Salvador. Geddel já cumpria prisão domiciliar desde julho em Salvador, acusado de tentar obstruir a Justiça em investigação sobre desvio de fundos público.
O ex-ministro chegou à tarde a Brasília em um avião da Polícia Federal, usando moletom branco e carregando uma mala de mão e uma bolsa. Ele deverá ingressar no Presídio da Papuda, onde ficou preso por 10 dias em julho, antes de um juiz lhe conceder a prisão domiciliar, após ter sido submetido a exames médicos.
“Os documentos e testemunhos, junto ao exame pericial do dinheiro apreendido, indicam que Geddel, com a ajuda de Gustavo Pedreira (diretor da Defesa Civil de Salvador), mantinha ocultos vultuosos valores no apartamento, conforme atestado pelos exames periciais grafotécnicos indicativos de que ambos manusearam essa estrondosa quantia”, indica a ordem judicial. Digitais de Geddel foram encontradas no imóvel.
“Diante da gravidade da situação, configura-se a necessidade urgente de prisão”, acrescenta o texto do juiz Vallisney de Souza, para quem a prisão domiciliar se provou “ineficaz” em vista das novas provas incriminatórias.
A decisão judicial identifica Gustavo Pedreira, que também foi detido, como um “emissário” do ex-ministro. O juiz também ordenou operações de busca e apreensão na casa da mãe de Geddel, principal articulador político de Temer no Congresso até novembro, pela “grande chance” de encontrarem novos documentos e mais dinheiro ilícito.
RELEMBRE O CASO
Na terça-feira, correram o país imagens de cerca de 20 malas e caixas lotadas de reais e dólares achadas em um apartamento na Bahia, território político dos Vieira Lima. A contagem com utilização de oito máquinas levou 14 horas e totalizou a soma impressionante de 42,643 milhões de reais e 2,688 milhões de dólares.
A ordem ditada ontem detalha que esse valor apreendido foi o maior confisco de dinheiro físico feito pela polícia na história do país. A investigação assegura que essa fortuna tem “origem ilícita, decorrente das atividades criminosas praticadas por Geddel no comando da Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e, possivelmente, de outras que porventura podem vir a ser descobertas”.