O Dia

As histórias de um dos maiores criminosos do país

Marcicnho VP, apontado pela polícia como chefe do Comando Vermelho, lança livro em parceria com o jornalista Renato Homem

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Em 300 páginas, Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado pela polícia como chefe do Comando Vermelho, discorre sobre Lula, UPPs, se define como um preso político e conta uma outra versão para a morte de Tim Lopes.

Intitulado “Marcinho Verdades e Posições”, o livro será lançado na quadra da Mangueira em outubro e foi escrito em coautoria com o jornalista Renato Homem. No dia do lançamento não haverá samba nem cerveja, mas sim shows evangélico­s, um pedido de VP. “No total foram cerca de 200 cartas e cinco visitas ao presídio federal de Mossoró, no Rio Grande Norte, onde ele se encontra preso”, disse Homem, que foi procurado pelos advogados de VP para escrever o livro e recebeu salário pelo trabalho. “A minha exigência foi que não tivesse glamouriza­ção. Organizei as cartas seguindo uma cronologia, entreviste­i testemunha­s e pesquisei fotos”, contou o coautor.

No livro, VP, que foi condenado a 36 anos de prisão em 2009 acusado de ser o mandante de um duplo homicídio, lembra do seu primeiro crime: um roubo de bicicleta, aos 13 anos. Aos 20, em 1996, foi preso em Porto Alegre, por envolvimen­to em um sequestro, que ele nega. “Estava com meu filho de 4 meses no colo quando fui preso”, diz em uma das cartas.

A minha exigência foi que não tivesse glamouriza­ção. Organizei as cartas, entreviste­i testemunha­s e pesquisei fotos RENATO HOMEM, coautor

Na prisão, VP passa 22 horas sozinho na cela, lendo revistas e jornais. Aproveita no livro para falar sua opinião a respeito de temas políticos. Em seu tempo de confinamen­to também estudou temas jurídicos. O subtítulo “O Direito Penal do Inimigo” é uma alusão a uma teoria homônima criada por um alemão que divide criminosos em comuns e outros em inimigos do Estado — esses últimos sem direitos penais. “Marcinho se compara a presos políticos e até aos perseguido­s pela igreja na Idade Média. Ele diz isso pois afirma ser inocente do duplo homicídio que o mantém na cadeia”, explicou Homem.

Segundo a polícia, Marcinho ascendeu ao comando da facção dentro da prisão. Ele escreve sobre crimes que prescrever­am, como assaltos a bancos e carros fortes da década de 1990. Não cita, no entanto, o tráfico de drogas, ou a onda de ataques no Rio, em 2010, que teria ordenado.

Em um dos trechos, VP faz um apelo: “Quero voltar para casa”. Ele se refere à prisão de Bangu 1, no Rio, foto que ilustra a capa.

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ALEXANDRE BRUM / AGÊNCIA O DIA
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VP se considera preso político e sonha em voltar para ‘casa’, o presídio de Bangu, foto da capa do livro

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