O Dia

Fenômeno reduz faixa de areia da praia

Mudança climática, que é típica do verão, chega mais cedo, altera areia e deixa a água mais gelada

- JONATHAN FERREIRA jonathan.ferreira@odia.com.br

Frequentad­ores do Arpoador— praia mais famosa do Rio por conta da vista panorâmica do alto de suas pedras— terão que se habituar com uma faixa de areia mais estreita e as baixas temperatur­as das águas. O fenômeno, que começou há poucas semanas, foi provocado por uma mudança climática que alterou a direção das ondas. Além da orla da Zona Sul, o Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, também mudou seu cenário por conta do episódio. A previsão é de que a situação só retorne à normalidad­e em maio do ano que vem.

O oceanógraf­o David Zee explica que esse fenômeno foi antecipado neste ano, pois é típico do verão. “As ondas estão vindo na direção sul e sudeste, em vez de vir pelo sudoeste, que é o normal para o inverno. Esse tipo de situação só acontece no verão. Com isso, teremos problema de erosão excessiva de areia no verão e quando tivermos ressaca no mar, a população vai ficar assustada”, apontou Zee.

A queda na temperatur­a

das águas— que na orla do Rio tem atingido a média de 18 graus— também está ligada a uma mudança na direção dos ventos. Assim como a faixa de areia reduzida, esse fenômeno também deve durar até o próximo inverno. “Isso é provocado porque os ventos estão soprando de leste para oeste. Normalment­e as águas só ficavam bem geladas durante o verão, mas

o padrão climático mundial mudou, com isso, estão surgindo fenômenos como o furacão Irma (que causou mais de 60 mortes no Caribe e nos Estados Unidos)”, concluiu o oceanógraf­o.

A água gelada é motivo de reclamação frequente dos banhistas. A dona de casa Maria do Livramento não aguentou chegar perto do mar. “Está tão gelada que me

deu câimbra”, brincou Maria.

A redução da faixa de areia do Arpoador mudou a rotina dos comerciant­es, que afirmam já ter tido queda de 60% no faturament­o. “Por conta do avanço do mar, as pessoas estão com medo de sentar próximo à minha barraca por receio de acidentes. Nos finais de semana, estamos deixando de ganhar dinheiro porque as famílias

Oceanógraf­o alerta que a previsão de normalidad­e do mar é só para maio do próximo ano

não querem mais ficam mais na praia”, lamentou o vendedor Francisco Henrique Franco, de 32 anos. Sem espaço na areia, banhistas recorrem ao calçadão para aproveitar o passeio. “O número de banhistas diminui na areia, mas as pessoas ficam no calçadão para tentar curtir a praia”, ressaltou o vendedor Napoleão Fernandes, de 65 anos.

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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

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