Fenômeno reduz faixa de areia da praia
Mudança climática, que é típica do verão, chega mais cedo, altera areia e deixa a água mais gelada
Frequentadores do Arpoador— praia mais famosa do Rio por conta da vista panorâmica do alto de suas pedras— terão que se habituar com uma faixa de areia mais estreita e as baixas temperaturas das águas. O fenômeno, que começou há poucas semanas, foi provocado por uma mudança climática que alterou a direção das ondas. Além da orla da Zona Sul, o Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, também mudou seu cenário por conta do episódio. A previsão é de que a situação só retorne à normalidade em maio do ano que vem.
O oceanógrafo David Zee explica que esse fenômeno foi antecipado neste ano, pois é típico do verão. “As ondas estão vindo na direção sul e sudeste, em vez de vir pelo sudoeste, que é o normal para o inverno. Esse tipo de situação só acontece no verão. Com isso, teremos problema de erosão excessiva de areia no verão e quando tivermos ressaca no mar, a população vai ficar assustada”, apontou Zee.
A queda na temperatura
das águas— que na orla do Rio tem atingido a média de 18 graus— também está ligada a uma mudança na direção dos ventos. Assim como a faixa de areia reduzida, esse fenômeno também deve durar até o próximo inverno. “Isso é provocado porque os ventos estão soprando de leste para oeste. Normalmente as águas só ficavam bem geladas durante o verão, mas
o padrão climático mundial mudou, com isso, estão surgindo fenômenos como o furacão Irma (que causou mais de 60 mortes no Caribe e nos Estados Unidos)”, concluiu o oceanógrafo.
A água gelada é motivo de reclamação frequente dos banhistas. A dona de casa Maria do Livramento não aguentou chegar perto do mar. “Está tão gelada que me
deu câimbra”, brincou Maria.
A redução da faixa de areia do Arpoador mudou a rotina dos comerciantes, que afirmam já ter tido queda de 60% no faturamento. “Por conta do avanço do mar, as pessoas estão com medo de sentar próximo à minha barraca por receio de acidentes. Nos finais de semana, estamos deixando de ganhar dinheiro porque as famílias
Oceanógrafo alerta que a previsão de normalidade do mar é só para maio do próximo ano
não querem mais ficam mais na praia”, lamentou o vendedor Francisco Henrique Franco, de 32 anos. Sem espaço na areia, banhistas recorrem ao calçadão para aproveitar o passeio. “O número de banhistas diminui na areia, mas as pessoas ficam no calçadão para tentar curtir a praia”, ressaltou o vendedor Napoleão Fernandes, de 65 anos.