O Dia

Esportivo ao alcance do brasileiro

Sandero R.S. Racing Spirit apenas compartilh­a a mesma carroceria do hatch Renault: o carro é outro

- LeaNdRo eiRÓ leandro.eiro@odia.com.br

Ocarro esportivo é desejo daqueles que apreciam a faculdade de dirigir. Porém, ao menos no Brasil, não é um bem facilmente acessível, como em países do primeiro mundo. Ocorre que aqui eventualme­nte as montadoras se arriscam em projetos que evoluem nossos triviais automóveis em tal condição, como o Renault Sandero R.S. Racing Spirit, um genuíno veículo com desempenho diferencia­do, com preparação especial e exclusiva para tal. E não se trata daqueles versão ornadas de perfumaria, mas nada de ganho mecânico, por favor não façamos essa comparação esdrúxula.

Para começo de conversa, o Renault Sandero R.S. é produto da divisão especial da marca para alto desempenho, a Renault Sport. Para resumir, é uma tunagem oficial do fabricante. O projeto do Sandero é entregue a este time dedicado, que executa alterações significat­ivas a fim de obter melhor performanc­e, ou melhor, performanc­e esportiva. E assim nasceu esse ‘hot hatch’ ou ‘foguetinho’. Este último, mais popular entre nós. A relação peso/potência comprova: 1.161 kg por 150 cv, o que dá 7,74 cv/kg.

Então, vamos dissecar este Sandero que assusta quem o acompanha acelerar na rua. Este Racing Spirit, uma série limitada do original R.S. 2.0, tem pneus Michelin Pilot Sport 4, que calçam rodas de 17 polegadas. Com o detalhe obrigatóri­o das pinças de freio pintadas de vermelho. Aliás, tal cor orna pontos estratégic­os da parte externa e interna do hatch, numa apropriada combinação com a carroceria preta. Note capa dos retrovisor­es, contorno do para-choque e faixa lateral com a logo da variante. No interior, o rubro está nos aros dos difusores de ar laterais, contorno do velocímetr­o, costuras e faixas dos bancos. Ainda no habitáculo, o acabamento preto piano da moda compõe o painel central, as maçanetas são interessan­tes combinando as duas cores predominan­tes e uma plaqueta no console, próximo do câmbio, identifica o número do exemplar: são 1.500 unidades.

o coRaÇÃo

Responsáve­l pelas aceleraçõe­s vigorosas, o conjunto mecânico do Sandero R.S. é Relação peso/potência comprova qualidade de esportivo neste Sandero: 1.161 kg por 150 cv, o que dá 7,74 cv/kg um motor 2.0 aspirado que entrega 150 cv de potência e 20,9 kgfm de torque, quando há etanol no tanque de combustíve­l. O propulsor é associado a um câmbio manual de seis velocidade­s com relações curtas, digno de um esportivo. Na prática, a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em oito segundos e o pequeno atinge 202 km/h de velocidade máxima.

Seguindo nos elementos que proporcion­am o desempenho diferencia­do, o hatch preparado pela Renault Sport é dotado de suspensão exclusiva, esportiva, voltada para a performanc­e. Completam os sistemas mecânicos a direção eletro-hidráulica e os freios a disco nas quatro rodas. O exercício destes, por ser praticado ainda por três modos de condução: Standard, apropriado para o uso diário, com controles de tração e estabilida­de ligados. O Sport, acionado pelo botão ‘R.S.’ no console, que proporcion­a pedal com respostas mais rápidas, ronco do motor mais esportivo, desacelera­ção mais lenta, marcha lenta aumentada para 950 rpm, permitindo uma condução reativa. E, ainda, o Sport+, acionado por uma longa pressão no botão respectivo, que entrega o melhor da condução esportiva do carro, desativand­o, inclusive, os controles de tração e estabilida­de.

O Sandero R.S. Racing Spirit é produzido na fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR). Custa R$ 66.400 e tem lista de equipament­os composta por LEDs diurnos, ar-condiciona­mento automático, controle de cruzeiro, sensores de estacionam­ento, central multimídia com navegação, assistente de partida em rampa, entre outros.

como aNda

Parado, até que o Sandero R.S. Racing Spirit está ao pé dos enganadore­s esportivad­os que pipocam por aí, aquelas séries de carros cheio de adereços originais mas nada de melhor desempenho. Na hora de acelerar, porém, a magia acontece: uma aceleração e um ronco de motor que nos esboça automatica­mente um sorriso (e deixa os demais motoristas boquiabert­os). É um prazer dirigir esse hatch. E vale agradecer aos envolvidos na concepção dele. Um volante emborracha­do com ótima empunhadur­a, bancos concha que envolvem, pedais revestidos em alumínio para pisar fundo e um câmbio de relações curtas, o resumo de um cockpit que passa uma sensação pouco acessível ao brasileiro.

Poucos minutos acelerando e percebemos dois elementos fundamenta­is da suspensão: ela deixou este Sandero mais baixo que o convencion­al e está calibrada para condições de pista, onde se pressupõe um asfalto de ótima qualidade, que não é o caso das nossas vias. Então, há de se andar manso no ambiente urbano para não ficar quicando dentro do carro e não quebrar ele rápido. Na ciência de acessar uma via com bom piso, acelere (com responsabi­lidade) e desfrute. Em tais condições, notamos que este hatch também toma curvas de forma diferencia­da, com agressivid­ade sem compromete­r a segurança. Desde o início, dizíamos que não estávamos diante de um carro comum.

Quando se alterna entre os modos de condução, é possível enriquecer considerav­elmente a experiênci­a. Aceleração é entregue de forma mais imediata, com o ronco do motor acompanhan­do, e giro que passa a atuar nas alturas. Em bom pavimento, o controle do carro fica mais vigoroso e prazeroso, sem problema caso necessite parar breve em razão do bom trabalho dos freios a disco. É inegável a diversão.

Sem ecoNomia

O revés está em um fator centro das discussões: combustíve­l. Nada de economia. Segundo o programa de etiquetage­m do Inmetro, o Renault Sandero R.S. faz, com etanol, até 6,9 km/l na cidade e 7,7 na estrada. Com gasolina, respectiva­mente, os números são 9,9 e 11,1 km/l. Testamos ele com o primeiro combustíve­l e com o ímpeto de pisar bem. É queda livre no marcador do quadro de instrument­os. Devemos estar cientes, contudo, de que o seu objetivo é desempenho esportivo e não eficiência energética.

Carro de nicho, como costumam designar, o Renault Sandero R.S. não deve ser comparado com modelos convencion­ais disponívei­s no mercado. O ‘hot hatch’ é uma adaptação diferencia­da de um carro comum, devidament­e transforma­do, em um genuíno esportivo. E, dentro, ainda de uma viabilidad­e financeira apropriada para o poder de compra da nossa sociedade. Entrega a proposta da esportivid­ade com louvor. Recomendad­o para quem busca tal prazer em dirigir.

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LEANDRO EIRÓ
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