O Dia

Funaro complica Temer

Doleiro distribui denúncias de propina e inclui Eduardo Cunha; Planalto rebate

- Com Estadão Conteúdo

Trechos da delação do corretor Lúcio Bolonha Funaro tornados públicos ontem complicara­m ainda mais a situação do presidente Michel Temer. No dia em que o Supremo Tribunal Federal concluiu votação que na prática despacha a segunda denúncia de Rodrigo Janot para a Câmara, o Planalto recebeu a ‘bomba’ de que, segundo garante Funaro, Temer foi um dos destinatár­ios de propina paga pela Odebrecht e Andrade Gutierrez em uma obra de Furnas.

“Eduardo Cunha redistribu­ía propina a Temer, com ‘110%’ de certeza”, cravou o corretor, para quem o deputado cassado era uma espécie de “banco de propina” de deputados, ou seja, pagava para os parlamenta­res e depois se tornava “dono” dos mandatos Funaro disse ainda que José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, lavava dinheiro para o presidente e que a maneira mais fácil para isso era por meio da compra de imóveis.

A obra de Furnas era no Rio Madeira, em Porto Velho, Rondônia. As duas empreiteir­as são sócias da estatal na Santo Antônio Energia, responsáve­l pela implantaçã­o e operação da Hidrelétri­ca Santo Antônio, obra do Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC).

Além de Temer, teriam recebido propina os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, os dois presos atualmente por conta de desdobrame­ntos da Lava Jato. Funaro não cita valores.

Ainda segundo o delator, “provavelme­nte os pagamentos foram feitos parte em espécie e parte em doação de campanha, como era feito de costume na maioria dos casos.”

A Secretaria de Imprensa da Presidênci­a da República distribuiu nota rebatendo as acusações de Funaro. De acordo com o Planalto, “o doleiro mais uma vez desinforma as autoridade­s do Ministério Público Federal” e “todos imóveis do presidente Michel Temer foram comprados de forma lícita e estão declarados à Receita Federal”. A nota diz ainda que “Funaro continua espalhando mentiras e inverdades de forma contumaz, repetindo o mesmo roteiro de delações anteriores, em que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público, com já registrou a PGR”.

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HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO Lúcio Bolonha Funaro, delator

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