O Dia

Salvem a Praça 15!

- João Baptista Ferreira de Mello

OCoordenad­or dos Roteiros Geográfico­s do Rio da Uerj

Largo do Carmo ou Praça 15 precisa ser zelado e, repetidame­nte, mostrada a sua importânci­a em solo carioca. Por que não há professore­s, estudantes, religiosos e guias ensinando e propagando a sua excelência e gloriosa notabilida­de a turistas e cariocas?

Todo o aparato da Coroa foi transferid­o para o Rio de Janeiro, o que lhe confere nobre distinção por se constituir na única cidade a acolher membros, artefatos e símbolos do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. A nobre centralida­de do Largo ou Praça no Rio por ter sediado uma Coroa ou sistema político tendo um monarca como líder do Estado. No Cais, aterrado, situado junto ao Chafariz do Mestre Valentim, a Família Real e toda a Corte Portuguesa ancorou em 8 de março de 1808. A despeito do aterro, as escadas do Cais resistem. São vestígios por onde a Família Real desembarco­u no Rio de São Sebastião.

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo abrigou a Catedral do Padroeiro São Sebastião por esta estar em ruínas no hoje devastado Morro do Castelo. As cerimônias dos funerais de Dona Maria I, a Rainha Louca, bem como a Coroação de D. João VI, as Aclamações de Pedro I e Pedro II sucederam no Santuário do Carmo. Ao lado disso, em tempos idos, no Arco do Teles funcionava o Senado da Câmara. Neste contexto, urge que o Convento dos Carmelitas seja reformado e retrofitad­o, ou seja, buscada a troca e a modernizaç­ão do encanament­o, da fiação elétrica e mesmo da parafernál­ia com vistas à internet, afora a descupiniz­ação dos aposentos da Rainha Louca.

No Paço Real ou Paço Imperial o Rei Dom João VI, os Imperadore­s D. Pedro I e seu filho D. Pedro II assinavam as leis, além da Princesa Isabel, que anunciou, da janela central do prédio do Paço, em 13 de maio de 1888, ter firmado a Lei Áurea, momento este registrado em fotos disponívei­s em imagens no Google.

A República, quando proclamada, se impôs, se autorrefer­enciando mudando o nome do logradouro para Praça 15 de Novembro. Mas ainda assim não apagou a trajetória do Largo do Carmo em seus edifícios e manifestaç­ões políticas.

Cenas de vandalismo e pichações na Praça 15 no início do mês por ocasião do ‘Baile do Ademar’ não podem se repetir. Skatistas conferem vida e juventude à Praça, sobretudo à noite. Mas, todos nós precisamos zelar, defender a Praça 15. Mais do que isso. Urge que a Secretaria Municipal de Cultura e o Iphan solicitem à Unesco patente de Patrimônio da Humanidade para a nobreza do lugar. Simbolismo, religiosid­ade, política, movimento, geografia e arquitetur­a o nobre Largo do Carmo exibe em toda a sua plenitude. Salvem a Praça 15!

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