O Dia

Li um livro, vi uma peça, ouvi um disco

- Luís Pimentel Jornalista

Enquanto a política ferve (no mau sentido), com reputações sendo trituradas no caldeirão de lama, em meio a denúncias que envergonha­m qualquer sujeito de bem, a cultura brasileira, pelo menos ela, bomba (no melhor dos sentidos). A arte — hoje e sempre válvula de escape pra gente esquecer tanta iniquidade — sobrevive à rapinagem e ao golpismo de resultados com bons filmes, livros, peças teatrais e álbuns de música brasileira chegando à praça carioca.

Fico aqui com três bons exemplos do que recentemen­te encheram os meus olhos: as crônicas deliciosas, graciosas e/ou dramáticas reunidas por Luiz Antonio Simas em ‘Ode a Mauro Shampoo e outras histórias de várzea’ (Mórula Editorial), uma classuda e apaixonada declaração de amor ao mundo (e o mundinho) do futebol; a peça teatral ‘Agosto’, do norte-americano Tracy Letts, adaptada e dirigida por André Paes Leme; e o CD ‘Certezas inacreditá­veis’, da jovem cantora e compositor­a Luiza Borges.

O livrinho (tem apenas 101 páginas) do professor, cronista e carioca do primeiro time garante espaço nas arquibanca­das (que saudade da Geral!) ou na galeria das grandes obras que tratam dessa insubstitu­ível paixão nacional chamada futebol. ‘Agosto’ nos mostra, além do texto primoroso e direção corretíssi­ma, um dos maiores desempenho­s de atriz que vi nos últimos anos: Guida Vianna. Está inteira, íntegra, envolvente e comovente. Vê-la no palco é um bálsamo.

Inacreditá­veis ou não, as certezas de Luiza Borges estão postas no repertório do álbum que acaba de lançar (o segundo de uma promissora carreira de cantora e compositor­a), ‘Certezas inacreditá­veis’ (Embolacha). Na canção que dá título e abre o CD, os autores (Thiago de Mello e Edu Kneip) dão o tom: “Esse segredo não é arremedo/ Eu juro tão cedo jamais duvidar do que há”. Cercada de bons autores, Luiza mostra criações de amigos, parceiros e talentos da atual safra, como Mauro Aguiar (sempre inspirado), João Cavalcanti, Renato Frazão e Pedro Ivo, todas parecendo que foram concebidas para a sua voz, cada vez mais doce, suave e profission­al. O lado autoral é mostrado, em grande estilo, em ‘Se, será, seria’, com melodia de pegada certeira e letra muito bonita.

Eis o que temos para o momento. Se apreciar as dicas, dadas aqui sem compromiss­o, é só correr atrás.

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