México briga contra o tempo
Busca por sobreviventes do terremoto de terça-feira entra nas horas mais críticas
Contra o tempo e o cansaço, as tarefas de resgate e ajuda continuam na Cidade do México depois do poderoso terremoto de magnitude 7,1 de terça-feira. Já se somam 233 mortos, e a esperança de encontrar sobreviventes começa a minguar, pois hoje se completam 72 horas do desastre, prazo tido como crítico para salvar vidas. Junta-se agora o esgotamento de muitos dos milhares de voluntários que foram às ruas desde que o início da emergência.
O colégio particular Enrique Rebsamen, na Zona Sul da capital, onde 21 crianças morreram, ainda é foco das atenções. Haveria uma menina viva sob os escombros, fato que autoridades negaram ontem à tarde, o que não esmoreceu as equipes. “Trabalhamos de maneira muito cirúrgica para evitar qualquer dano e inclusive avaliamos outras formas de conseguir tirá-la”, disse Aldo Valencia, socorrista voluntário de 22 anos que deixou o trabalho para dar espaço aos especialistas militares.
Marisol Alexander, que mora na mesma quadra da escola destruída, da qual seus dois filhos foram alunos até o ano passado, confessa que “ainda não conseguiu assimilar”. “Às vezes estão bem e de repente choram por seus professores, por seus amigos”, conta Alexander.
‘CONTINUAMOS DE PÉ’
No bairro Roma, socorristas batalham em sua tentativa de encontrar ao menos 23 desaparecidos no que foi um prédio de sete andares, e que agora se tornou uma montanha de escombros. Das ruínas, as equipes de resgate retiraram 28 pessoas.
Armando Albarrán, 49 anos, acredita que sua sobrinha Karina, 30, está viva, mas presa no que era o quarto andar do imóvel e que, segundo os socorristas, poderia abrigar mais sobreviventes. “Existem indícios de que ainda há pessoas ali. Ao que parece, ela está com vida. E a verdade é que continuamos de pé”, declarou à AFP.
Pola Díaz, uma das mais famosas ‘topos’ do México — grupo de socorristas voluntários surgido após o devastador terremoto de 19 de setembro de 1985, que deixou mais de 10 mil mortos —, pede que as autoridades não parem os trabalhos de resgate. “Depois de 72 horas suspendem os trabalhos de resgate e começam a demolição. Peço que não sejam tão estritos com este protocolo, que haja um pouco mais de flexibilidade”, disse Díaz.