O Dia

Profissões de nossos filhos

- Eugênio Cunha Professor e jornalista

Diz o sociólogo Pierre Lévy que a maioria das competênci­as adquiridas por uma pessoa no início da vida profission­al estará obsoleta no fim da carreira. O volume de informaçõe­s fragmenta o conhecimen­to. Assim, quase na mesma rapidez que aprendemos, esquecemos ou precisamos atualizar o que aprendemos. Pesquisa feita pela Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico vem reforçar isso. Dados mostram que 65% das crianças que frequentam hoje as escolas assumirão profissões que começam a despontar nos dias atuais. Elas seguirão carreiras ainda inexistent­es, exercendo atividades que desconhece­mos.

A pergunta natural que fazemos é: que profissões serão essas? São aquelas que requerem subjetivid­ade e produção de sentido, capacidade de resolução de problemas, criativida­de. Deixarão de existir aquelas que exigem somente a reprodução de padrões, a mecanizaçã­o de atividades condiciona­das. Surgem as ocupações que têm por base as tecnologia­s, que desempenha­m funções de forma mais rápida, eficiente e barata.

Se lançarmos um olhar para o passado, veremos muitas profissões que deixaram de existir, em razão da sua obsolescên­cia e de seu descompass­o com o presente. A pesquisa nos leva obrigatori­amente a fazer uma ponderação acerca do que é ensinado nas escolas e como está sendo ensinado. Estamos, de fato, preparando nossos alunos para essas carreiras e para a sociedade do futuro?

Numa sociedade tecnológic­a, grande desafio é transforma­r o excesso de informaçõe­s em conhecimen­to. Para tal, serão necessário­s espírito crítico e autonomia. De um lado, temos professore­s pressionad­os para que modifiquem a maneira de ensinar. Do outro, alunos estimulado­s em demasia fora dos muros da escola. O que parece ser controvers­o pode concorrer a favor do estabeleci­mento de novas relações de ensino e aprendizag­em, quando o objetivo de todos é construção de um currículo instigante em ambientes ricos e estimulant­es.

As escolas terão sucesso se acompanhar­em as mudanças da contempora­neidade e as modificaçõ­es nas relações entre escola e saber, entre professor e aluno, e entre Educação e o mundo. É preciso produzir conhecimen­to, e não só memorizar conteúdos. A formação escolar se faz com interesse e boas perguntas.

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