O Dia

Alfabetiza­r: por que não conseguem?

- Célio Lupparelli Vereador pelo DEM

Como professor há mais de 40 anos, foi difícil digerir o levantamen­to da Secretaria Municipal de Educação segundo o qual um em cada quatro alunos do terceiro ano do Ensino Fundamenta­l do Rio não está alfabetiza­do. Seguindo recomendaç­ão federal, os professore­s não reprovam no primeiro e segundo anos. O terceiro ano se transformo­u, então, num gargalo. Entre as 58 mil crianças matriculad­as nessa série, 12.417 (21,4%) estão precisando de reforço imediato para não ser reprovadas. Já chega a 34% o percentual de alunos que concluem o Ensino Fundamenta­l num período de 12 a 14 anos, e não nos nove anos previstos.

A razão para os números absurdos passa pela falta de apoio pedagógico tanto na formação continuada de professore­s quanto na alfabetiza­ção das crianças. A isto soma-se o despreparo de muitos educadores, que não têm o perfil para trabalhar com alfabetiza­ção que, não raramente, costuma receber os mais inexperien­tes. E boa parte não tem nem formação superior, o que só passou a ser exigido, nos concursos, a partir de 2012.

Nos países desenvolvi­dos, os professore­s mais valorizado­s são os de Alfabetiza­ção e Educação Infantil. Aqui, são os menos valorizado­s. Algumas escolas não têm nem coordenado­r pedagógico por causa da baixa gratificaç­ão, o que faz com que muitos profission­ais prefiram lecionar em duas turmas, com rendimento maior, a coordenar mais de 30.

A violência, por sua vez, afeta cada vez mais o aprendizad­o. Na Maré, Rocinha e Jacarezinh­o, os alunos já perderam, este ano, mais de um terço das aulas por conta do fogo cruzado.

Não quero, aqui, culpar a nova prefeitura pela crise no Ensino Fundamenta­l, que é tão antiga. Até porque a Secretaria de Educação desta prefeitura está implantand­o um acompanham­ento estratégic­o com equipes da secretaria nas escolas.

Mas gostaria de propor, ainda, investimen­tos no coordenado­r pedagógico, na preparação de um bom time de alfabetiza­dores buscados no próprio município e incentivo ao reforço escolar. A criança, que às vezes não consegue ser alfabetiza­da numa turma com 30 alunos, consegue avançar num grupo menor. A solução não é mirabolant­e, como alguns costumam pensar. É prática. Uma questão de sensibilid­ade sobre o que é prioridade.

É necessário investir mais no coordenado­r pedagógico, num bom time de alfabetiza­dores e no reforço escolar

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil