O Dia

ROCINHA SITIADA

Após seis dias de confrontos, Forças Armadas entram na comunidade

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Após seis dias de confrontos na Rocinha, enfim as Forças Armadas, cujas tropas estavam à disposição desde julho, pelo menos no discurso das autoridade­s federais, entraram em ação ontem. O pedido para o envio dos militares foi feito pelo governo estadual ao Ministério da Defesa no final de uma manhã de intensos confrontos entre policiais e traficante­s, que pararam a Zona Sul.

De acordo com o Comando Militar do Leste, a Marinha, o Exército e a Aeronáutic­a participam da ação na favela, que começou às 16h30 de ontem e continua por tempo indetermin­ado. Quatorze blindados, sendo 10 da Marinha e 4 do Exército, além de um helicópter­o da Força Aérea deram apoio à entrada dos militares, a pé em dezenas de veículos de transporte. Segundo o CML, até às 21h de ontem, não houve troca de tiros entre os militares e criminosos, o que fez o ministro da Defesa, Raul Jungmann, declarar “A Rocinha está pacificada”.

No total, 950 agentes das Forças Armadas participam da operação. Em coletiva, Jungmann comparou o Rio com um doente em tratamento intensivo. “Você tem um doente na UTI. Ele tem fraturas, hemorragia interna e também uma cirrose. Você vai segurar a hemorragia ou a cirrose? A cirrose é estrutural, a hemorragia é a urgência”, afirmou o ministro.

Segundo Jungmann, o efetivo total de que a União dispõe no CML é de 30 mil homens e que operaciona­lmente até 10 mil homens podem ser mobilizado­s de forma mais rápida caso haja necessidad­e.

“O contingent­e pode aumentar, mas depende da demanda. Quem estabelece isso é o centro integrado (de comando)”, afirmou, dizendo que a União e o Estado do Rio estão trabalhand­o de forma harmônica.

MANDADO COLETIVO

Após os confrontos, a Polícia Civil pediu à Justiça o chamado “mandado de busca coletivo” para diferentes áreas da Rocinha. A ação autoriza a polícia a entrar em qualquer casa da comunidade e já foi realizada na Cidade de Deus, na Zona Oeste, e no Jacarezinh­o, na Zona Norte, sendo alvo de críticas e ações judiciais da Defensoria Pública.

O secretário de Segurança, Roberto Sá, rebateu as críticas sobre a demora no pedido das tropas. “Eu ouço e respeito os críticos, mas chamar as Forças Armadas não foi uma mudança de ideia. Avaliamos os riscos e os incidentes. Quem é especialis­ta sabe que é normal. A polícia faz sempre o primeiro embate e, se houver necessidad­e, pedimos reforços.”

O especialis­ta em Segurança José Ricardo Bandeira foi um que criticou a postura do governo. “As Forças não foram chamadas antes, quando havia possibilid­ade da invasão da Rocinha, pois não existe política de segurança. Sempre descobrem a necessidad­e depois. A vinda é útil, mas é fundamenta­l que se façam presentes.”

 ?? MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA ?? A chegada das Forças Armadas na Rocinha, com blindados, voltou a fechar o trânsito da auto-estrada Lagoa-Barra ontem à tarde
MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA A chegada das Forças Armadas na Rocinha, com blindados, voltou a fechar o trânsito da auto-estrada Lagoa-Barra ontem à tarde
 ?? MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA ?? Militares andaram pelas vias mas não foram registrado­s tiroteios
MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA Militares andaram pelas vias mas não foram registrado­s tiroteios
 ?? MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA ?? Militares revistaram moradores e entraram na comunidade a pé
MARCIO MERCANTE/AGENCIA O DIA Militares revistaram moradores e entraram na comunidade a pé

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