O Dia

Uma abordagem profission­alizante em sala de aula

Com a Reforma do Ensino Médio, sancionada em fevereiro pelo governo federal, ensino técnico pode fazer parte da grade curricular

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Nem todos os alunos de Ensino Médio querem entrar na universida­de. Muitos optam por sair da escola e já entrar com tudo no mercado de trabalho. Hoje em dia, porém, o jovem que busca a formação técnica precisa cursar 2,4 mil horas do Ensino Médio regular e 1,2 mil do técnico. Com a Reforma do Ensino Médio, sancionada em fevereiro pelo governo federal, o viés profission­alizante integrará a carga horária regular do aluno, se ele optar por isso. Os estudantes sairão da escola com certificad­o válido para os ensinos médio padrão e técnico.

Isso porque o técnico estará contemplad­o em uma das cinco áreas disponívei­s na parte flexível do currículo com ‘itinerário­s formativos’ que as instituiçõ­es educaciona­is

Nova estrutura possibilit­a escolha de área de interesse que determinar­á parte das disciplina­s

A reforma do Ensino Médio brasileiro objetiva valorizar o ensino profission­alizante, por seus próprios méritos

ANTONIO FREITAS, próreitor da FGV

poderão disponibil­izar aos estudantes. A nova estrutura do Ensino Médio possibilit­a aos alunos escolher uma área de interesse que determinar­á parte das disciplina­s a serem cursadas — modelo bem diferente do atual, que oferece a todos as mesmas 13 matérias. Com isso, os adeptos da formação técnica e profission­al terão eletivas e experiênci­as voltadas para o que querem exercer no futuro.

As orientaçõe­s expostas no texto incluem vivências práticas de trabalho no setor

produtivo ou em ambientes de simulação, além da possibilid­ade de conceder certificad­os de qualificaç­ão, quando a formação for estruturad­a e organizada em etapas.

ORGANIZAÇíO POR ESTADO

Cabe aos estados organizar os currículos. “A reforma do Ensino Médio brasileiro objetiva valorizar o ensino profission­alizante, por seus próprios méritos, e diferenciá-lo daquele primordial­mente acadêmico”, destaca o professor Antonio Freitas, pró-reitor de Ensino, Pesquisa

e Pós-graduação da FGV.

Quem já passou pelo Ensino Médio Técnico aprova a experiênci­a. É o caso do jovem Alvaro Henriques, de 23 anos, que estudou Eletrônica no Instituto Federal Fluminense (IFF), em Macaé, e está empregado na área. Piloto de ROV (Veículo Submarino Operado Remotament­e), ele explica que, durante os quatro anos de IFF, os laboratóri­os o ajudaram a ter a formação necessária para exercer a profissão. “Não precisava nem de estágio, a carga horária era

bem grande”, diz Henriques, que, por opção, estagiou na mesma empresa em que é contratado hoje.

IMPORTÂNCI­A DA EDUCAÇÃO

Henriques ressalta, no entanto, a importânci­a de vincular o Ensino Técnico à formação geral — o que será determinad­o pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC), que vai manter os estudos e práticas de Artes, Educação Física, Sociologia e Filosofia na grade. “Foi uma coisa muito importante. Os alunos precisam saber questionar, aprender o que não é técnico também. Percebi muito essa diferença no mercado”, aponta.

FORMAÇÃO MAIS EFICIENTE

Para Lucas Barbosa, colega de Henriques em Macaé, a principal vantagem de se ter a escolha pelo Ensino Técnico como itinerário formativo é desobrigar o aluno a fazer algo que não lhe agrade. “É uma forma mais eficiente de explorar o que ele tem de melhor”, diz o jovem, que cursou Automação Industrial. Também empregado na área de ROV, Barbosa comenta que, apesar de técnico, o curso lhe proporcion­ou excelente base teórica. “Você tem várias matérias e acaba se aprimorand­o em alguma área”, argumenta.

Antes de entrar em vigor, a Reforma do Ensino Médio aguarda a conclusão da BNCC — o que deve ocorrer até ano que vem. Na próxima matéria desta série do DIA, a ser publicada na próxima semana, os detalhes do processo de implantaçã­o da reforma e de definição da Base.

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DIVULGAÇÃO Modelo atual oferece a todos as mesmas 13 matérias. Novo modelo vai permitir inclusão de disciplina­s do Ensino Técnico na grade curricular

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