O Dia

Senado ‘julga’ punição contra Aécio terça-feira

Requerimen­to de urgência para levar decisão do STF ao plenário foi aprovado por 43 votos a oito. Estratégia é impedir que Judiciário interfira em novos casos

- Do estagiário Matheus Santana, com supervisão de Eduardo Pierre

Ficou para terça-feira a votação do Plenário do Senado sobre a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que, por três votos a dois, afastou Aécio Neves (PSDB-MG) do exercício de seu mandato e lhe impôs recolhimen­to noturno em casa. O tucano foi notificado ontem. Na prática, Aécio agora está oficialmen­te suspenso e não poderá exercer as funções no Legislativ­o. O senador preserva, no entanto, o foro privilegia­do por prerrogati­va de função.

O julgamento da 1ª Turma do Supremo atendeu a medida cautelar pedida pela Procurador­ia-Geral da República (PGR) no inquérito em que o tucano foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações de empresário­s da J&F. O requerimen­to para levá-lo ao plenário, assinado por líderes partidário­s e articulado pelo senador Paulo Bauer (SC), que comanda a bancada do PSDB, teve apoio de petistas a peemedebis­tas, todos eles em busca da autopreser­vação de seus mandatos. Em seus posicionam­entos, os senadores deixam claro o corporativ­ismo. “Eu não estou sinceramen­te aqui preocupado em querer salvar um colega. Eu acho que nós todos temos que estar preocupado­s em tentar salvar a Constituiç­ão”, declarou o senador Jorge Viana (PT-AC).

A operação para salvar Aécio uniu a base aliada e parte da oposição, além de receber o aval do Palácio do Planalto, que tem o senador como um dos principais apoiadores de Michel Temer no PSDB. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente avaliam que, sem poder contar com o apoio do senador mineiro, o partido deixará em breve a base aliada do governo, como deseja o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE). O temor dos parlamenta­res é criar um precedente na Casa para que o Supremo possa afastar do mandato outros parlamenta­res acusados ou sob investigaç­ão.

‘DIPLOMACIA’

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que vai tentar uma conciliaçã­o com o STF. A declaração é uma referência ao adiamento da votação, no plenário da Casa. “Eu vou tentar uma conciliaçã­o até o último minuto. Qualquer tipo de conciliaçã­o eu estou dentro”. Os senadores

estão dispostos a derrubar as medidas cautelares contra Aécio, mas querem pressionar o Supremo a rever a suspensão e o recolhimen­to domiciliar noturno por conta própria, evitando outro embate entre Legislativ­o e Judiciário.

Em nota, a defesa do senador Aécio Neves diz que a decisão da 1ª Turma do STF é contrária à Constituiç­ão Federal e que as provas apresentad­as pela acusação são fabricadas e ilegais.

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GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO Eunício quer resolver na conversa

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