TENSÃO NA ROCINHA
Em mais um dia de confrontos, um casal de turistas fica no meio do fogo cruzado
A PM encontrou indícios de que trechos da favela, terreno da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), estão sob domínio do Comando Vermelho. Ontem de manhã, casal da Costa Rica (foto) fez passeio turístico na comunidade e se viu no meio de tiroteio.
A Polícia Militar confirmou, ontem, que a facção Comando Vermelho (CV) controla partes da Rocinha, na disputa pelo tráfico de drogas na comunidade com a Amigos dos Amigos (ADA). Em sua conta no Twitter, a PM postou que “policiais da UPP Rocinha identificaram, em alguns pontos, pichações com a inscrição de uma facção criminosa diferente da que atuava na área”. O texto é acompanhando de uma foto, mostrando uma dessas pichações: “CV Boladão, Tudo 2, Parazinho, 157”, este último uma referência a Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que teria migrado para o CV após romper com o grupo do chefão do tráfico Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha.
Também ontem, e como vem acontecendo nos últimos dias, desde a retirada das Forças Armadas da região, confrontos foram registrados e deixaram moradores e até turistas em pânico. Um casal da Costa Rica, Patrícia Maireno e Fabian Bonilla, andava perto da Rua 1 quando se viu no meio de um tiroteio entre traficantes e policiais.
“Eu só pensava nos meus três filhos. Me joguei no chão, fiquei muito nervosa e só queria sair dali. Nunca vivemos uma coisa tão terrível”, disse Patrícia, de 40 anos. Movidos pela curiosidade, ela e o marido, em sua primeira viagem ao Brasil, decidiram pela visita à favela — acompanhados do guia turístico Sérgio Silva. “Não tínhamos noção do que estava acontecendo”, disse Fabian, de 43 anos.
No Centro da cidade, onde participou da entrega da Medalha Flávio Duarte — que premia profissionais de destaque na área da segurança —, o secretário Roberto Sá admitiu não ser ideal o efetivo de 500 PMs na Rocinha, mas descartou um novo pedido de apoio às Forças Armadas por conta dos recentes episódios de violência na comunidade.
Sá disse ainda que os quatro tiroteios registrados desde o domingo na Rocinha foram provocados por criminosos armados que teriam resistido a ordens de prisão. “A população pode ficar tranquila, pois não iremos sair de lá”, concluiu.