O Dia

Rocinha em guerra

- José Ricardo Rocha Bandeira Presidente do Instituto de Criminalís­tica e Ciências Policiais da América Latina

ARocinha volta a ocupar o noticiário em virtude dos confrontos entre facções rivais em busca do controle de território e do domínio da venda de drogas na comunidade. Esta guerra já era esperada por especialis­tas em segurança, devido ao rompimento do chefe do tráfico da comunidade, Rogério Avelino, o Rogerinho 157, com o antigo ‘dono do morro’, Antônio Francisco Bomfim, o Nem, que fez a opção de apoiar o alinhament­o da facção ADA( Amigos dos Amigos) com o temido PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo.

A invasão de território que está ocorrendo neste momento coincide com o enfraqueci­mento das UPPs e da falência da segurança no Estado do Rio.

Pouca gente sedá conta, masa melhor co isaque acontece upara o tráfico de drogas nos morros do Rio foi achega dadas UPPs, pois é sabido que os traficante­s não se armam com o único objetivo de enfrentara polícia, masco mo principal objetivo de evitar que o morro seja tomado por facções rivais, e com esta ‘proteção’ paga pelo estado, o tráfico pôde reduzir os gastos com compra de armamento, pagamento de ‘soldados’ e despesas operaciona­is diversas, sobrando muito, muito mais dinheiro para o dono do morro e seus seguidores.

E é neste contexto que se trava agora uma guerra sangrenta por domínio de território nas vielas escuras da Rocinha, guerra que deve durar dias, pois quando uma facção rival empreende tomada de território, após a invasão faz parte da estratégia travar pequenas batalhas para ampliar as posições ocupadas até a tomada geral do morro.

Infelizmen­te, enquanto esta guerra durar, o risco de moradores inocentes se tornarem vítimas de balas perdidas e reféns do terror será cada vez maior, aumentando a já insuportáv­el sensação de inseguranç­a. Sensação parcialmen­te restabelec­ida com o cerco das forças federais, mas essa ‘operação conjunta’ deixou clara a falta de planejamen­to e entrosamen­to entre os órgãos e mais uma vez a ausência de uma política de segurança pública e de combate à criminalid­ade. Mesmo durante o cerco, o tráfico de drogas continuou ativo. Com a saída do Exército, os tiroteios retornaram.

Como resultado da operação, tivemos uma pequena quantidade de fuzis apreendido­s — o que não chega a 10% do real poder de fogo em mãos dos traficante­s —, poucos procurados presos e uma relativa quantidade de drogas retida, o que certamente não solucionou o problema e deixou a comunidade nas mesmas condições de antes. E mais uma vez os nossos ‘desgoverna­ntes’ ignoram o fato de que a população quer apenas que o Estado cumpra o seu papel e esteja presente em todos os momentos.

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