O Dia

Para frear a privatizaç­ão da Loterj

Governo do Rio de Janeiro entra hoje com ação no STF para contestar planos de privatizaç­ão da Lotex

- JONATHAN FERREIRA jonathan.ferreira@odia.com.br

Opresident­e da Loterj, Sérgio Ricardo de Almeida, afirmou que o governo do Rio de Janeiro vai entrar ainda hoje com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar frear os planos do governo federal de privatizar a Lotex (o braço de loterias instantâne­as da Caixa Econômica) e fechar as loterias estaduais. O anúncio,feito ontem de manhã, durante Audiência Pública que ocorreu na Assembleia Legislativ­a (Alerj) para discutir as consequênc­ias da privatizaç­ão da Lotex e seus impactos sociais. Apenas este ano, as instituiçõ­es filantrópi­cas no estado receberam aporte de cerca de R$ 21 milhões da Loterj. A estatal fluminense, que vende raspadinha­s, também apoia financeira­mente três creches nas comunidade­s de Batan (Realengo), Maré e Cidade de Deus. As loterias estaduais ainda destinam recursos para projetos do Ministério do Esporte e para o Fundo Penitenciá­rio.

Com a concessão, o serviço de raspadinha­s em todo o país poderá ser repassado para uma empresa estrangeir­a, por meio de um leilão, previsto para ocorrer em dezembro. Caso ocorra o pregão, a vencedora terá o monopólio do serviço por 25 anos, obrigando as loterias estaduais a encerrar as suas atividades.

Almeida explicou que o Rio pretende discutir na Justiça se a União tem o monopólio do jogo. “O objetivo é barrar essa decisão de fechar as loterias estaduais e o perigo iminente de parar as atividades sociais. A Constituiç­ão define que a União tem o monopólio de legislar sobre o jogo e não de operar o jogo”, avaliou.

O vice-presidente das Casas Lotéricas do Estado do Rio, Marcelo Gomes de Oliveira, disse que, nos últimos dois anos, pelo menos 50 lotéricas foram fechadas e houve 600 demissões. “Temos certeza que esse processo irá trazer problemas futuros”, comentou.

O deputado Paulo Ramos (Psol), que presidiu a Audiência Pública na Alerj, demonstrou esperança em uma decisão favorável ao estado por parte do STF. “Acredito que a Alerj vai dar sua contribuiç­ão para impedir que esse crime seja praticado. Tenho certeza absoluta que a Loterj será preservada”, apostou.

O presidente da Associa- ção de Pais e Amigos dos Excepciona­is (Apae), Pedro Aurélio de Mattos Gonçalves, afirmou que pelo menos 40 unidades serão fechadas no Rio caso ocorra a privatizaç­ão da Lotex. “Não temos recursos próprios, dependemos exclusivam­ente de doações. Nem podemos pensar no fechamento da Loterj”, comentou. O diretor da Associação Educaciona­l Homens do Amanhã, Daniel Cavalheiro, ressaltou que os recursos oriundos da Loterj auxiliam pelo menos 200 pessoas com deficiênci­a física ou mental. Segundo ele, sem essas doações, as unidades, em Duque de Caxias, Mangueira e Niterói, irão fechar as portas.

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LUIZ ACKERMANN Sérgio de Almeida e Paulo Ramos: campanha #viraojogor­io

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