O Dia

Irmã conviveu com tiroteio na Zona Norte

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> Tiroteios na Rocinha fazem irmã Beatriz de Jesus Salvador, 41 anos, ter frio na espinha. Há 11 na clausura, e uma das cinco fluminense­s do grupo, ela lembra de quando morava em Olaria, na Zona Norte, e ia ao Morro do Alemão e Vila Cruzeiro, sob fogo cruzado.

“Mesmo em missão de paz, tinha que pular sobre fuzis para passar. Infelizmen­te, a violência ainda impera, também na Zona Sul. Mas Deus é maior”, acredita.

A rotina monástica começa às 4h30. “Até 21h, rezamos e cantamos em nome dos que lá fora não podem, ou não querem; limpamos o mosteiro; e produzimos artesanato­s, vendidos para nosso sustento”, disse Maria José de Jesus Crucificad­o, 39, do Paraguai, interna há 11 anos. Como as colegas, ela enfrentou resistênci­a familiar ao anunciar, “não o isolamento, mas a abertura para o infinito”. Assim interpreta a clausura.

As freiras, que cuidam ainda até de um cemitério interno, com 12 jazigos, recebem parentes esporadica­mente. Atrás de grades. A mais idosa hoje é irmã Maria Leonarda, de 96 anos, há 63 lá. Maria Mirtes, 33, é a “caçula”.

As clarissas foram as primeiras religiosas portuguesa­s a chegar ao País, em 1677. Do convento carioca, de 1928, já nasceram 15 filiais. “Ainda há oito vagas para irmãs”, anuncia madre Pacífica.

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