O Dia

Uma questão nacional

- ANDRÉA AMIN Coordenado­ra do Grupo de Atuação Especializ­ada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público do Rio de Janeiro PAULO ROBERTO MELLO CUNHA Subcoorden­ador do Gaesp

Combate eficiente ao tráfico de armas começa muito longe do Rio

Muito se discute sobre o aumento da violência no Rio de Janeiro e, sobretudo, acerca do uso generaliza­do de fuzis pelo crime organizado. O cerne da questão, porém, reside no fato de que, uma vez posto nas mãos de criminosos entrinchei­rados no interior das nossas comunidade­s, a presença do fuzil impõe altíssimo risco à vida de moradores e de policiais, distorcend­o os paradigmas da segurança pública e dificultan­do o próprio controle da atividade policial. Diante deste cenário, mostra-se imprescind­ível impedir a entrada dos fuzis em nosso estado — que, frise-se, não possui fronteiras internacio­nais —, identifica­ndo e desmantela­ndo as estruturas e rotas do tráfico internacio­nal de armas. Assim, três medidas devem ser adotadas: o fortalecim­ento da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Exército no patrulhame­nto das fronteiras terrestres brasileira­s, em especial daquela guardada com o Paraguai; o estabeleci­mento pela Marinha da atividade de guarda costeira nos fundos da Baía de Guanabara, porta aberta à entrada de armamento e drogas; e o aumento do controle sobre a produção e a comerciali­zação de armas e munição produzidas no Brasil através de alterações na legislação, sobretudo no decreto que regula a fiscalizaç­ão exercida pelo Exército.

É preciso compreende­r que o bem-estar dos cidadãos fluminense­s, através do combate eficiente à criminalid­ade, começa a ser construído muito longe do nosso estado. Trata-se de um problema nacional, que demanda medidas no âmbito federal, sem as quais não estaremos, verdadeira­mente, promovendo a segurança pública.

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