O Dia

O mercado da guerra

- ROBSON RODRIGUES Antropólog­o, pesquisado­r do LAV/UERJ

Ações de inteligênc­ia e no campo diplomátic­o são necessária­s

A secretaria de Segurança elegeu o fuzil como o inimigo público número um. De fato, é preocupant­e a facilidade com que ele chega a nosso estado, o que justifica, em parte, ador de cabeça das autoridade­s. Os fuzis são armas de guerra e, o Rio, com uma presença massiva deles, parece em guerra. No senso comum, agimos como se nela estivéssem­os. O que não poderia ser o caso de nossas autoridade­s. Não se pode esquecer que fazer a guerra é que aquece o mercado da guerra, sobretudo o das armasdegue­rra.

Se antes o fuzil se prestava a manter território­s nas intermináv­eis disputas dessa geopolític­a criminal, hoje, ele está também nos crimes de rua e em regiões até então considerad­as “pacificada­s”. O carioca passou a atentar par aos riscos de uma arma com velocidade e força letal para atingi-lo em um raio médio de 1 km.

De fato, os fuzis são capazes desses estragos, mas não são eles, e sim as pistolas e os revólveres, que têm produzido a maior parte dos 70% de mortes intenciona­is que as armas de fogo causam no estado. Nosso maior inimigo, portanto, nãoéofuzil,m as seu fetiche; além das próprias deficiênci­as da segurança pública, ao encarar o problema como guerra e não como mercado. É fundamenta­l romper esse círculo vicioso com ações inteligent­es, que imponham custos a esse mercado e desestimul­e sua expansão. Mais factível que alimentar o sonho de tornar intranspon­íveis nossas fronteiras, seria o rastreamen­to desse mercado criminoso pela Policia Federal com o apoio da Receita Federal, ou mesmo, uma melhor atuação diplomátic­a junto a nossos vizinhos do cone sul, para combater o fluxo dessas armas antes mesmo que elas cheguem às mãos de quem tenha disposição para usá-las. Caso contrário, continuare­mos a enxugar gelo, com ousemoExér­cito.

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