Hospital de Ipanema está prestes a perder 12 leitos
Unidade federal também deixará de oferecer uma sala do centro cirúrgico
Por falta de enfermeiros e técnicos de enfermagem, a direção do Hospital de Ipanema determinou o fechamento de 12 leitos da unidade federal. Também ficou definida a redução de uma sala do centro cirúrgico, por dia. A diminuição no atendimento médico da unidade acontece em meio às reações contrárias à redução dos serviços médicos federais no sistema de saúde pública do estado. Ontem, o juiz federal Firly Nascimento Filho concedeu 72 horas para a União se posicionar em relação à ação civil pública que pede a renovação imediata de contratos em hospitais federais no Rio de Janeiro.
No dia 18 de agosto, o Cremerj e o Conselho Regional de Enfermagem entraram com ação civil pública contra o Ministério da Saúde para garantir a continuidade dos contratos da União de forma emergencial.
Segundo o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze, desde a década de 80 não é realizado concurso público para repor as perdas de profissionais de saúde dos hospitais federais. “O Governo Federal vem suprindo o déficit com mão de obra temporária. Mas, os contratos em vigor estão vencendo e o governo não renova”, reclama Darze. Ele afirma ainda que a falta de pessoal compromete todos os serviços.
No comunicado sobre o fechamento de leitos e da sala de cirurgia, a direção do Hospital de Ipanema alega que “a medida tem como objetivo a manutenção da qualidade do atendimento aos usuários”. Porém, para o médico Alfredo Guarischi,
Governo não renovou contratos de temporários, segundo Federação de Médicos
membro da Câmara Técnica de Segurança dos Pacientes do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e do Conselho Federal de Medicina, o efeito é justamente o contrário.
“Fico extremamente preocupado, já que o dano à segurança do paciente pode ter consequências graves”, ressalta Guarischi, lembrando que o Hospital de Ipanema já foi a maior escola de cirurgia do Rio. “Foi o primeiro a fazer cirurgia de obesidade e de úlcera. Com a falta de contratação de profissionais de saúde, o hospital realmente fica improdutivo, mas porque falta gente para trabalhar. Tem que contratar”, afirma o médico.
O presidente do Cremerj, Nelson Nahon, disse que mais de 600 contratos terminam em 2017 e ameaçam o fechamento de serviços nos hospitais da rede federal na capital. “Se você fecha serviços de tratamento de queimados, de cardiologia e bancos de sangue, você diminui o atendimento. A gente diz que tem gente morrendo hoje por falta de atenção médica a situação tende a aumentar ainda mais. É uma situação que a gente está chamando de catastrófica”.
Em nota, o Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde informou que acompanha todos esses contratos para definir a melhor estratégia de qualificação e reposição da força de trabalho nas unidades.