O Dia

Estados Unidos e Israel avisam que vão sair da Unesco

- > Washington e Tel-Aviv Com Agência France-Presse

Os Estados Unidos e Israel anunciaram ontem a decisão de retirar-se da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acusando-a de ser anti-israelense. No início de julho, os EUA classifica­ram de “afronta à história” a decisão da Unesco de declarar a cidade de Hebron, na Cisjordâni­a ocupada, “zona protegida” do patrimônio mundial.

Após vários anos de tensões com esta agência da ONU com sede em Paris e em processo de eleição do novo diretor-geral, a porta-voz do Departamen­to de Estado americano, Heather Nauert, anunciou que Washington prevê deixar a organizaçã­o, mas apontou outras razões. “Essa decisão não foi tomada rapidament­e e reflete a preocupaçã­o dos EUA com os crescentes atrasos nos pagamentos (das contribuiç­ões) à Unesco, a necessidad­e de reforma na organizaçã­o e o contínuo preconceit­o contra Israel”, disse Nauert.

Pouco depois de Washington, Israel indicou que também vai abandonar a Unesco, que qualificou de “teatro do absurdo, onde se deforma a história, em vez de preservá-la”. “Entramos em nova era das Nações Unidas: a que, quando se discrimina­r Israel, terá que assumir as consequênc­ias”, vociferou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, afirmou “lamentar profundame­nte” o incidente. “A universali­dade é essencial para a missão da Unesco de construir a paz e a segurança internacio­nais em face do ódio e da violência, através da defesa dos direitos humanos e da dignidade humana”, afirmou Bokova. “É uma perda para a família das Nações Unidas. É uma perda para o multilater­alismo”, ressaltou.

O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco inscreveu a Cidade Velha de Hebron como sítio “de valor universal excepciona­l”. Também pôs a cidade na lista de patrimônio­s em perigo. Hebron é o lar de 200 mil palestinos e centenas de colonos israelense­s, perto do local sagrado que os judeus chamam de o túmulo dos Patriarcas e os muçulmanos de Mesquita de Ibrahim.

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