O Dia

A Feira de Feira

- Luís Pimentel Jornalista e escritor

Acabo de chegar do sertão baiano, onde, a convite da Universida­de Estadual de Feira de Santana, ministrei oficina literária na Feira do Livro da cidade. Repito a experiênci­a todo ano, com o enorme prazer que sinto sempre que tenho oportunida­de de trocar experiênci­a com jovens escritores. O material produzido pelos oficinando­s, em prosa e em verso, é reunido pela universida­de em modesto porém decente volume impresso, distribuíd­o ao público e aos autores na edição seguinte.

Feira já revelou muitos brasileiro­s que espalharam e espalham seus talentos pelo Brasil e o mundo. Vieram da cidade pintores, escritores, músicos, atores e cineastas como Eduardo Portela, Raymundo Oliveira, Juarez Bahia, Olney São Paulo, Juracy Dórea, Carlo Barbosa, Franklin Maxado, Timbaúba, Jurandir da Feira, Carlos Pitta, Tito Pereira, Margarida Ribeiro, Ruy Barcelos, Antonio Miranda, Antonio Brasileiro, Roberval Pereyr e tantos, tantos outros.

Além de trabalhar e de rever amigos, sempre trago de lá alguns causos para passar adiante. Desta vez trouxe esse, fresquinho.

Passou-se no Município de Riachão do Jacuípe, bem perto de onde eu estava. A mocinha recém-casada, moradora da área rural da cidade, foi à primeira consulta com o ginecologi­sta, após o matrimônio. Apressadin­ho para atender 20 ou 30 pacientes por hora, o médico foi logo ordenando:

— Pode tirar a roupa, se deitar ali e abrir as pernas!

Aí a casadinha começou a chorar, nervosa. O doutor não entendeu o drama e quis saber qual o razão da angústia.

E ela, prendendo o choro: — Oxente, doutor. O senhor me desculpe, mas eu preferia engravidar do meu marido.

E mais uma cena de casal, dessa vez envolvendo a sogra (fetiche e ameaça que ronda os lares):

— Eu vou pra casa da mamãe! — grita a mulher, em meio à discussão.

— Por ir! A porta está aberta — reage o marido, fingindo pouco caso.

Aí ela dá o tiro de misericórd­ia:

— Ah, é? Pois eu vou. Vou e volto com ela!

Causo de baiano típico que gosto muito é o do vizinho que tive na infância. Ele passava os dias e as noites estirado na rede, se balançando pra lá e pra cá. Outro vizinho, que trabalhava a semana inteira, um dia perdeu a paciência:

— Levanta daí, cabra! Vai cuidar da vida. A preguiça é pecado, sabia?

E o conterrâne­o, sem sequer olhar pro outro:

— A inveja também...

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil