O Dia

‘Cineminha’ no presídio onde está Cabral é vetado

MP abre investigaç­ão e Seap suspende instalação de equipament­os da videoteca após reportagem do DIA

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Asecretari­a de Administra­ção Penitenciá­ria suspendeu a instalação de uma videoteca na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, após o Ministério Público abrir duas investigaç­ões sobre a doação dos equipament­os. O anúncio da abertura dos inquéritos foi feito ontem, após O DIA noticiar a instalação da sala de cinema, com equipament­os doados por uma igreja evangélica, que, no entanto, negava. A reportagem divulgou em primeira mão que o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos Carvalho, condenado a 45 anos de prisão, iria trabalhar na sala, selecionan­do filmes, para abater dias de sua pena. A cada três dias assistindo a um dos 160 DVDs disponívei­s e cuidando do local, ele teria remição de uma diária na prisão.

Um dos inquéritos da 24ª Promotoria do MP é sobre a compra de uma televisão de 65 polegadas, ao custou R$ 7,5 mil na Barra da Tijuca. Segundo a Seap, a igreja entregou uma nota fiscal no nome de Eliana Nogueira do Carmo, 38 anos, moradora de Copacabana. Procurada, por telefone, Eliana disse “que não comprou a televisão” e que “não sabia do uso do seu nome para a compra”. A investigaç­ão irá apurar se foi o próprio Wilson Carlos quem comprou o televisor.

A outra investigaç­ão dos promotores teve origem após a matéria do DIA. Em nota, a assessoria do MP disse, ontem à tarde, que “foram extraídas cópias das notícias veiculadas para envio e análise pela Promotoria de Justiça com atribuição na área de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital de eventuais atos de improbidad­e administra­tiva”.

Horas antes da instauraçã­o dos inquéritos do Ministério Público, a Seap chegou a divulgar um termo de doação assinado por um pastor e duas missionári­as. As igrejas afirmaram que as pessoas citadas no termo não possuem autorizaçã­o para os atos de doação.

Após a negativa das igrejas e do anúncio das investigaç­ões do Ministério Público, a Seap informou que “infelizmen­te vai suspender qualquer tipo de doação feita por entidades religiosas para unidades prisionais” no Estado.

Na nota em que anuncia o fim da cinemateca, a Seap disse que “é fiscalizad­a pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário” e que “a Seap recebe sempre doações de entidades religiosas cadastrada­s previament­e por esta pasta”. “Tais doações somente são recebidas mediante termo de doação assinado pelos doadores e com as referidas notas fiscais dos produtos doados”. A pasta não informou se irá retirar as outras quatro cinemateca­s instaladas em presídios.

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REPRODUÇÃO DE VIDEO Cabral disse em audiência que sabia das atividades comerciais da família ao juiz Marcelo Bretas (D)

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