Pra que fui ligar o rádio?
O secretário não consegue esconder a antipatia que nutre pelos aposentados. Como pode ter comandado o Rio Previdência?
Servidor aposentado do Estado do Rio, corri para sintonizar a estação de rádio numa manhã dessas. Com esperança, poderia ouvir a tempo as primeiras palavras do secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro. Quem sabe ele não nos tranquilizaria, não diria que o pagamento dos inativos, atrasado desde agosto, sairia em poucos dias?
Para que o leitor entenda. Os aposentados de diversos setores do Executivo, entre os quais mais de 750 auditores fiscais, vêm sendo pagos em conta-gotas. O governo deixa atrasar dois, três meses, faz o pagamento, deixa atrasar outro tanto, faz o pagamento, uma rotina torturante. O leitor pode imaginar o desespero que isso provoca, o tumulto na vida de qualquer um. Sem falar que, no mínimo, rasgase o Estatuto do Idoso. No caso dos auditores fiscais, há pelo menos de 300 aposentados na faixa entre 80 e 90 anos e 75 na faixa de 90 a 100. Justo na hora das despesas inadiáveis com remédios e tratamentos, não é verdade?
Mais uma vez, uma decepção. Apesar de todo o nosso esforço em apelar ao governo para que resolvesse o problema, o secretário de Fazenda afirma na entrevista matutina que a prioridade de pagamento é para o Legislativo e o Judiciário. Por que isso?
Qual o motivo de pôr sempre na frente estes dois poderes, que, convenhamos, nunca, nunquinha mesmo, esperaram um segundo para receber seus salários, nunca, nunquinha mesmo, tiveram seus rendimentos parcelados. Seria medo de pedir para estes poderes aguardarem uns dias? Que recebam agora um percentual do salário, de modo a permitir que os aposentados do Executivo recebam seus salários, que, a julgar pelas palavras do Secretário, chegarão a atingir cem dias de atraso? Insistimos: seria medo de Suas Excelências?
Claro que o governador Luiz Fernando Pezão não decide isso sozinho. Por óbvio, não podemos contar com qualquer apoio do secretário de Fazenda. Afinal, este senhor não consegue esconder a antipatia que nutre pelos aposentados. Como pode uma pessoa assim ter comandado o Rio Previdência durante tanto tempo?
Pois é, não devia ter ligado o rádio.