EM NOME DO ESTADO ISLÂMICO
Uzbeque planejara o atentado há meses, da data ao local, e jurou lealdade ao grupo extremista
Oautor do atentado que deixou oito mortos (cinco delres eram argentinos) e 12 feridos em Nova York, um uzbeque, planejou seu crime durante semanas e cometeu o ataque em nome do grupo extremista Estado Islâmico (EI). Sayfullo Saipov, de 29 anos, lançou uma caminhonete alugada contra pedestres e ciclistas na terça-feira, por volta das 15h locais, no atentado mais mortal cometido em Nova York desde que a rede Al-Qaeda derrubou as Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Ontem à noite, o FBI anunciou a prisão de um segundo envolvido no atentado: o também uzbeque Mukhammadzoir Kadirov, de 32 anos. Até o fechamento desta edição não se conhecia o papel dele.
“Parece que Saipov planejava isso há várias semanas”, declarou John Miller, chefe -adjunto do serviço de Inteligência e contraterrorismo da Polícia de Nova York. “‘Fiz em nome do Estado Islâmico’ ”, detalhou, citando o criminoso, já operado, lúcido e sob custódia.
O 31 de outubro não foi escolhido por acaso. Era Halloween em Nova York, e Saipov confiava que as ruas estariam cheias por conta da festa. O local do ataque também foi meticulosamente selecionado: um quilômetro e meio de ciclovia, quase em linha reta, sem cruzamentos com ruas — a não ser na qual bateu em um micro-ônibus.
Saipov saiu da caminhonete segurando armas falsas e gritando “Allahu Akbar!” (Alá é grande), antes de ser baleado no estômago por um agente e ser detido.
TREINADO NO CELULAR
O uzbeque, que chegou aos Estados Unidos em 2010 e residia legalmente em Paterson, Nova Jersey, já foi interrogado no hospital onde está internado. Miller ressaltou que o agressor parece ter seguido “ao pé da letra as instruções que o EI publicou nas redes sociais para que seus seguidores realizem ataques deste tipo”. No celular do terrorista foram encontrados 90 vídeos de instrução do Estado Islâmico — que iam de atropelamento à fabricação de bombas.
À polícia, Saipov explicou que, em 22 de outubro, alugara uma caminhonete para treinar manobras. No dia do ataque, em outro veículo alugado, partiu duas horas antes de Nova Jersey e foi até o local escolhido. Ele chegou a cogitar pendurar bandeiras do Estado Islâmico nas janelas da caminhonete, mas desistiu por temer chamar a atenção e frustrar seus planos. Mas exigiu à equipe que o atende no hospital que pregasse o símbolo do grupo terrorista em seu quarto.
FORA DA LISTA NEGRA
Saipov nunca foi investigado pelo FBI nem pela inteligência policial de Nova York, mas aparentemente se relacionava com pessoas investigadas pelas autoridades, explicou Miller. “Parece que tinha alguma conexão com indivíduos que eram alvo de investigação, embora ele não fosse”, detalhou.
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que o autor do atentado se radicalizou após chegar aos Estados Unidos e agiu como “um lobo solitário”.
Os atentados com veículos que são lançados contra pedestres ou ciclistas já foram utilizados por simpatizantes do EI no Ocidente, incluindo em Barcelona, Londres, Estocolmo e Nice, onde um caminhão conduzido por um tunisiano matou 86 pessoas em 14 de julho de 2016.