O Dia

Polícia apura conduta de médica em parto

Jovem alega que teve osso da bacia fraturado em maternidad­e de Nova Iguaçu e ficou sem andar

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

APolícia Civil instaurou inquérito ontem, para apurar denúncia de que uma médica da Maternidad­e Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, tenha cometido lesão corporal culposa, quando não há intenção, no parto da estudante Crislayne Scala dos Santos, 16 anos. A jovem alega que teve os ossos da bacia fraturados durante o nascimento de seu filho, em 8 de outubro, e, desde sua alta médica, após 17 dias internada, não consegue mais andar.

“Na hora do parto, a médica forçou muito e sentou na cama para fazer ele sair. Quando ela fez isso eu senti um estalo. Fui para o quarto. Comecei a sentir várias dores e após alguns dias parei de andar”, afirmou a adolescent­e. Pietro Scala, seu filho, nasceu com microcefal­ia.

O delegado Adriano França, da 58ª DP (Posse), vai investigar o caso. “Vamos ver se há outros registros de ocorrência­s envolvendo a maternidad­e e os médicos que fizeram o parto. Pelo que avaliamos, não se trata de uma lesão simples. Mas, só saberemos o tipo de lesão após a menina fazer o exame de corpo de delito”. Caso seja constatado erro médico, o delegado vai acionar o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina do Rio para que seja apurada a conduta dos profission­ais.

Enquanto estava internada, Crislayne foi levada ao Hospital da Posse para um Raio-x. “Falaram que não era nada grave e que ela ficaria bem, mas entreguei minha filha andando e eles me entregaram ela em uma cadeira de rodas”, desabafou a mãe da jovem, Cristiane Zoni Scala, 36, que esteve ontem na delegacia.

No domingo, a menina voltou a sentir fortes dores e a família fez uma peregrinaç­ão por atendiment­o em hospitais. Segundo a Cristiane, inicialmen­te, ela foi levada para UPA do Bom Pastor, em Belford Roxo, mas não conseguiu atendiment­o. Seguiram então para o Hospital de Saracuruna, em Caxias, mas, segundo parentes, os profission­ais alegaram que o caso era “erro médico de outra unidade” e não atenderam. Por fim, foram ao Hospital da Posse, onde especialis­tas comprovara­m a fratura, segundo a família, mas se ne- garam a ficar com Crislayne, que voltou para casa.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu alegou que a jovem “foi submetida ao parto normal, pois não havia indicação de cesariana. Como o bebê nasceu com microcefal­ia e baixo peso, ficou internado e a paciente foi mantida na maternidad­e apenas para acompanhar seu filho durante internação”. No entanto, o órgão vai abrir investigaç­ão para apurar os fatos. O Hospital da Posse disse que a menina foi “reavaliada, medicada e orientada a buscar atendiment­o ambulatori­al em seu município (Belford Roxo)”. O Hospital de Saracuruna negou que a jovem tenha sido atendida lá e indicou o Hospital de Traumatolo­gia Melchíades Calazans.

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ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA Crislayne ficou internada com Pietro por 17 dias no mês passado

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