O Dia

BRT ameaça fechar 22 estações do Transoeste por causa do prejuízo

Empresa alega depredaçõe­s e calotes no trecho de Santa Cruz a Campo Grande

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Depredaçõe­s de estações e coletivos e os calotes dos passageiro­s que entram sem pagar são os motivos alegados para o consórcio suspender a operação entre Campo Grande e Santa Cruz. Isso deixaria 30 mil passageiro­s, como Eliane Avelino, sem poder usar o corredor expresso, que custou R$ 100 milhões.

Inaugurado há apenas cinco anos, o primeiro corredor BRT do Rio — o Transoeste — pode ser parcialmen­te interrompi­do. O alerta vermelho, segundo comunicado enviado ontem pelo Consórcio BRT ao Ministério Público e revelado pelo RJTV, é motivado por problemas negligenci­ados desde o início da operação, como índices astronômic­os de calotes e prejuízos causados por atos de vandalismo. Os operadores ameaçam fechar todo o trecho de Campo Grande a Santa Cruz, com 22 estações, se o poder público não apresentar soluções eficazes. A suspensão, de acordo com a empresa, é “questão de tempo”. Trinta mil passageiro­s seriam prejudicad­os por dia.

O consórcio estuda interrompe­r o serviço alegando que a Avenida Cesário de Melo é o trecho mais crítico do Transoeste em questão de segurança pública e cuja construção custou R$ 100 milhões. Duas estações localizada­s no percurso já se encontram fechadas por causa de vandalismo: Vila Paciência, desde 2014, e Cesarão III, desde março.

O BRT afirma que enviou ofício ao MP após ter feito quatro comunicaçõ­es à Secretaria Municipal de Transporte­s (SMTR) relatando a gravidade dos problemas, sem que medidas eficazes tivessem sido tomadas. “Essas estações seriam fechadas para reduzir custos com vandalismo, visto que a evasão (calotes) é muito grande. O que o BRT arrecada não paga o custo que tem”, diz Suzy Balloussie­r, diretora de Relações Institucio­nais do BRT.

No ofício ao MP, o consórcio também menciona a “recente decisão da prefeitura de liberar as vans sem qualquer fiscalizaç­ão na região”. Em outubro, a SMTR chegou a permitir que as vans das Zonas Norte e Oeste circulasse­m fora de seus itinerário­s, mas voltou atrás no mesmo dia após repercussã­o negativa da decisão. “A gente espera que o MP perceba que o BRT é um patrimônio público e que as partes têm que se mobilizar para que não seja perdido”, conclui Suzy.

Num primeiro momento, o RJTV noticiou que o consórcio ameaçou fechar todo o trecho de Campo Grande a Santa Cruz. Depois, o BRT esclareceu que apenas oito estações seriam afetadas. À noite, voltou a sustentar a interrupçã­o de 22 estações. De acordo coma empresa, o prejuízo com vandalismo é de R$ 800 mil por mês para manter as condições mínimas de operação no trecho da Cesário de Melo — R$ 1,4 milhão em todo o sistema.

O secretário de Transporte­s, Fernando Mac Dowell, esclareceu que a SMTR respondeu a todas as solicitaçõ­es do BRT e ratificou que os consórcios têm de manter os serviços operando de forma regular e satisfatór­ia. A pasta afirma que, em caso de paralisaçã­o do BRT, os consórcios responsáve­is sofrerão as penalidade­s administra­tivas previstas, como autuação e notificaçã­o, para que o serviço seja restabelec­ido. A prefeitura vai avaliar medidas judiciais cabíveis ao caso. Reclamaçõe­s sobre segurança pública e a fiscalizaç­ão das vans foram encaminhad­as aos órgãos competente­s. O contrato de concessão foi firmado por 20 anos. O MP não se posicionou. O prefeito Marcelo Crivella tem até dia 16 para sancionar ou vetar projeto de lei que determina multa de R$ 170 para quem calotar o BRT.

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MAÍRA COELHO
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MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA. DIVULGAÇÃO A vendedora Natália Saraiva (acima) diz que deveriam colocar polícia e não fechar as estações. Ao lado, Vila Paciência está fechada desde 2014
 ?? MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA. ?? Concession­ária afirma que há estações com calotes e depredaçõe­s em níveis elevados demais
MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA. Concession­ária afirma que há estações com calotes e depredaçõe­s em níveis elevados demais
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