BRT ameaça fechar 22 estações do Transoeste por causa do prejuízo
Empresa alega depredações e calotes no trecho de Santa Cruz a Campo Grande
Depredações de estações e coletivos e os calotes dos passageiros que entram sem pagar são os motivos alegados para o consórcio suspender a operação entre Campo Grande e Santa Cruz. Isso deixaria 30 mil passageiros, como Eliane Avelino, sem poder usar o corredor expresso, que custou R$ 100 milhões.
Inaugurado há apenas cinco anos, o primeiro corredor BRT do Rio — o Transoeste — pode ser parcialmente interrompido. O alerta vermelho, segundo comunicado enviado ontem pelo Consórcio BRT ao Ministério Público e revelado pelo RJTV, é motivado por problemas negligenciados desde o início da operação, como índices astronômicos de calotes e prejuízos causados por atos de vandalismo. Os operadores ameaçam fechar todo o trecho de Campo Grande a Santa Cruz, com 22 estações, se o poder público não apresentar soluções eficazes. A suspensão, de acordo com a empresa, é “questão de tempo”. Trinta mil passageiros seriam prejudicados por dia.
O consórcio estuda interromper o serviço alegando que a Avenida Cesário de Melo é o trecho mais crítico do Transoeste em questão de segurança pública e cuja construção custou R$ 100 milhões. Duas estações localizadas no percurso já se encontram fechadas por causa de vandalismo: Vila Paciência, desde 2014, e Cesarão III, desde março.
O BRT afirma que enviou ofício ao MP após ter feito quatro comunicações à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) relatando a gravidade dos problemas, sem que medidas eficazes tivessem sido tomadas. “Essas estações seriam fechadas para reduzir custos com vandalismo, visto que a evasão (calotes) é muito grande. O que o BRT arrecada não paga o custo que tem”, diz Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do BRT.
No ofício ao MP, o consórcio também menciona a “recente decisão da prefeitura de liberar as vans sem qualquer fiscalização na região”. Em outubro, a SMTR chegou a permitir que as vans das Zonas Norte e Oeste circulassem fora de seus itinerários, mas voltou atrás no mesmo dia após repercussão negativa da decisão. “A gente espera que o MP perceba que o BRT é um patrimônio público e que as partes têm que se mobilizar para que não seja perdido”, conclui Suzy.
Num primeiro momento, o RJTV noticiou que o consórcio ameaçou fechar todo o trecho de Campo Grande a Santa Cruz. Depois, o BRT esclareceu que apenas oito estações seriam afetadas. À noite, voltou a sustentar a interrupção de 22 estações. De acordo coma empresa, o prejuízo com vandalismo é de R$ 800 mil por mês para manter as condições mínimas de operação no trecho da Cesário de Melo — R$ 1,4 milhão em todo o sistema.
O secretário de Transportes, Fernando Mac Dowell, esclareceu que a SMTR respondeu a todas as solicitações do BRT e ratificou que os consórcios têm de manter os serviços operando de forma regular e satisfatória. A pasta afirma que, em caso de paralisação do BRT, os consórcios responsáveis sofrerão as penalidades administrativas previstas, como autuação e notificação, para que o serviço seja restabelecido. A prefeitura vai avaliar medidas judiciais cabíveis ao caso. Reclamações sobre segurança pública e a fiscalização das vans foram encaminhadas aos órgãos competentes. O contrato de concessão foi firmado por 20 anos. O MP não se posicionou. O prefeito Marcelo Crivella tem até dia 16 para sancionar ou vetar projeto de lei que determina multa de R$ 170 para quem calotar o BRT.