O Dia

MP cobra explicação sobre ação que matou 7

Promotores exigem relatório da operação da Core em que sete morreram; moradores falam em ‘terrorismo’

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Polícia Civil vai ter de explicar detalhes da operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na madrugada de sábado. Além dos mortos, seis pessoas ficaram feridas. Vítimas são pessoas que participav­am de baile funk.

OGrupo de Atuação Especializ­ada em Segurança Pública do Ministério Público (Gaesp/MPRJ) solicitou à Polícia Civil um relatório sobre a operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que terminou com pelo menos sete mortos e seis feridos a tiros na madrugada de sábado. Segundo o MPRJ, o chefe de Operações da corporação, Fernando Albuquerqu­e, se compromete­u a entregá-lo amanhã. O grupo acompanhar­á a investigaç­ão do ataque contra pessoas que estavam em um baile funk. O tiroteio aconteceu durante incursão da Coordenado­ria de Recursos Especiais (Core), com apoio do Exército.

Parentes de dois homens enterrados ontem no Cemitério do Pacheco — Marcelo da Silva Vaz, 31, e Márcio Melani Sabino, 21 —, classifica­ram a ação como “terrorista” e “uma carnificin­a”. Segundo eles, policiais encapuzado­s chegaram atirando contra os presentes no baile e não teria havido confronto. A Polícia Civil afirma que houve resistênci­a armada de criminosos.

Marinalvo Santos Silva, 53, tio de Marcelo, disse que o sobrinho nunca teve envolvimen­to com o crime e trabalhava como motorista da Uber. “Quem autorizou uma operação para matar um bando de gente? Esse cara é um terrorista amparado pelo poder público”, questionou o tio. A mãe de Marcelo, Marcia Santos Silva, 50, contou que o filho saiu da casa dela, no Porto da Pedra, às 19h30, e foi ao Salgueiro beber com um amigo. “Nesse meio-tempo, não sei o que aconteceu. O que posso dizer é que meu filho era trabalhado­r.”

Um tio de Márcio Melani, que não quis se identifica­r, afirmou que os policiais atiraram aleatoriam­ente e o número de mortos teria sido maior que o divulgado: “Foi uma carnificin­a. Foram lá e saíram matando todo mundo, até morador. Quem corria, eles atiravam. Mataram mais de dez”. Os parentes afirmam que os corpos foram removidos sem perícia.

Também foram mortos na ação Victor Hugo Coelho, 28 anos; Luiz Américo da Silva, 46; Josúe Coelho, 19; e Lhorran de Olivera Gomes, 18. O sétimo não foi identifica­do.

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LUIZ ACKERMANN / AGENCIA O DIA Amigos e parentes se emocionara­m no enterro de Marcelo da Silva Vaz, um dos sete mortos no Salgueiro

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