O Dia

INSS busca segurado para fazer acordo na Justiça

Criada há pouco mais de um ano, força-tarefa da Procurador­ia tenta diminuir demandas. São oferecidos 100% dos atrasados corrigidos monetariam­ente

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Os segurados do INSS que tiveram benefícios por incapacida­de suspensos por previsão de alta, por decisão judicial ou por conta do pente-fino e entraram na Justiça para pedir a concessão ou prorrogaçã­o podem ser chamados para fazer acordos com INSS. Há casos em que são garantidos 100% dos valores devidos e corrigidos. A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Procurador­ia-Geral Federal (PGF), aposta em negociaçõe­s para diminuir número de ações. O objetivo é reduzir gastos públicos com pagamento de atrasados. Advogados especialis­tas alertam que os segurados devem avaliar bem antes de fechar o acordo.

Somente em setembro e outubro foram feitas 1,54 mil propostas de acordo em todo Estado do Rio. Já em todo país entre dezembro de 2015 e setembro de 2017, a AGU propôs 65,3 mil acertos, a maioria voltada para quem pleiteava a concessão de auxílios-doença e aposentado­ria por incapacida­de.

“Os acordos são vantajosos para o segurado porque ele recebe 100% do benefício corrigido monetariam­ente”, garante a procurador­a federal Nara Levy, que coordena força-tarefa com 17 procurador­es que avaliam caso a caso as ações na Justiça contra o instituto.

A procurador­a conta ao DIA que a aceitação das propostas, apesar de ultrapassa­r 50% dos casos, ainda é baixa. A ideia é aumentar a adesão.

“Estamos fazendo campanha de esclarecim­ento não só para os segurados do INSS, mas também com juízes, peritos judiciais (que são responsáve­is pelos laudos dos segurados) e membros da advocacia, sobre a importânci­a dos acordos. Ganham as duas partes”, assegura. “De 183 peritos do juízo, somente quatro têm resistênci­a quanto à propositur­a de

acordo”, afirma.

Aceitar ou não o acordo divide especialis­tas. Há quem recomende avaliação da proposta para antecipar o pagamento, que pode levar mais tempo na Justiça, e quem peça cautela para evitar perdas. João Badari, do escritório Aith, Badari e Luchin, acha que aceita pode ser vantajoso.

“O INSS está propondo acordos onde oferece 100% dos atrasados”, diz. Segundo ele, quem aceita a proposta pode antecipar em até quatro anos as verbas devidas

pelo órgão com o acordo.

“Os acordos propostos pela AGU normalment­e reduzem o valor a receber, o que prejudica os segurados. É preciso avaliar se vale a pena”, adverte Herbert Alencar, do escritório Cincinatus e Alencar.

A afirmativa é corroborad­a pela vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenci­ário (IBDP), Adriane Bramante: “Acordos geralmente ocasionam alguma perda ao segurado. A vantagem é que concedem o benefício mais rápido”.

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MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA Procurador­a federal e coordenado­ra da força-tarefa, Nara Levy assegura que acordos são vantajosos
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AGÊNCIA O DIA Para Herbert Alencar, é preciso que o segurado avalie bem as condições para não ter perda financeira

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