O Dia

Pastor que doou a terreiro incendiado defende diálogo entre religiões

Pastor de igreja evangélica diz estar horrorizad­o com onda de atentados a centros

- Do estagiário Guilherme Bianchini sob supervisão de Claudio de Souza

“Queríamos, de alguma maneira, demonstrar que nós estávamos muito sensibiliz­ados com essa onda destruidor­a de terreiros. Qualquer um com sensibilid­ade mínima fica horrorizad­o com esse tipo de coisa, sobretudo vindo do mundo evangélico”, a declaração é do pastor Edson de Almeida, da Igreja Cristã de Ipanema, que foi uma das doadoras dos recursos para a reconstruç­ão do terreiro de candomblé Kwe Cejá Gbé, da Nação Djeje Mahin, da mãe de santo Conceição d`Lissá, em Duque de Caxias.

O terreiro já sofreu oito atentados e recebeu R$ 11 mil de igrejas evangélica­s para ser reconstruí­do, como revelou O DIA ontem. A ideia de arrecadar recursos para reconstrui­r o terreiro de Caxias foi da pastora Lusmarina Campos Garcia, da Igreja Luterana, uma das religiões evangélica­s. A iniciativa começou em 2014, quando Lusmarina era presidente do Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (CONIC-Rio) e centro havia sofrido os primeiros ataques.

“Queríamos dizer para esse pessoal do terreiro, através do Ivanir (dos Santos, babalawo e interlocut­or da Comissão de Combate à intolerânc­ia Religiosa), demonstrar nossa compaixão, nossa solidaried­ade na dor dessas pessoas”, acrescento­u o pastor Edson de Almeida, acrescenta­ndo que dois jovens empresário­s de sua igreja que levantaram a maior parte dos recursos.

Sobre o fato de algumas igrejas evangélica­s pregarem contra as religiões de matriz africanas, o pastor ressalta que elas não representa­m a maioria. “O mundo evangélico é plural, muito diverso. Você vai encontrar desde correntes muito fundamenta­listas a outras bem abertas, que apostam no diálogo com as religiões, com os movimentos sociais”.

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