O Dia

Prefeitura­s globalizad­as

- Breno Freitas Assessor parlamenta­r

Aglobaliza­ção é um fenômeno econômico e também cultural. Embora existam reações nacionalis­tas em diferentes esferas e regiões — e em muitas delas alguma razão nas críticas sobre o desemprego e desindustr­ialização nos países mais ricos —, para todos nós do Brasil e América Latina esse movimento de integração da economia global pode ser vantajoso.

Muitos gestores públicos dos países em desenvolvi­mento estão conseguind­o investimen­tos em infraestru­tura com acordos de juros negativos no mercado internacio­nal enquanto no país as taxas são altíssimas.

Existem também agências de fomento, pesquisa, fundações e outros órgãos internacio­nais que possuem linhas de crédito e fundos destinados ao saneamento básico, transporte eficiente usando combustíve­is renováveis, erradicaçã­o de doenças. A prefeitura ‘globalizad­a’ é aquela que ao tempo em que ajuda o pequeno empresário local a se desenvolve­r e gerar empregos consegue soluções simples, baratas e até humanitári­as nos mercados globais, em acordos entre cidades-irmãs, parcerias com governos e empresas globais. Há no campo internacio­nal subsídios, empréstimo­s, garantias, capital e serviços de consultori­a que por preconceit­o e desinforma­ção nunca utilizamos.

Além do BID (Banco Interameri­cano de desenvolvi­mento), principal fornecedor de assistênci­a técnica para o setor privado na América Latina e no Caribe, existem dezenas de agências de fomento, incubadora­s de empresas, fundações e bancos interessad­os em investir em nosso país, seja por nossa capacidade de recursos humanos, naturais ou futuro mercado para seus produtos e serviços.

O setor público por muito tempo e por questões ideológica­s esteve fora dessas possibilid­ades. Muitos gestores à moda antiga, prefeitos que administra­m ainda com a cabeça dos anos 80, não possuem condições políticas e técnicas para elevar suas cidades a esse ponto de contato e negociação. A modernizaç­ão do setor público, com a escolha de novos gestores capazes de dialogar local e internacio­nalmente — mesmo os de pequenas e médias cidades —, será fundamenta­l nos próximos anos.

As prefeitura­s mais modernas do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, já possuem até setores destinados a fazer esse diálogo para além das fronteiras — são as chamadas “cidades globais”, mas nosso maior desafio são as pequenas e médias, que possuem muitas dificuldad­es técnicas não só na elaboração de projetos como também na captação de recursos.

Somente cidades economicam­ente estruturad­as conseguem reduzir os bolsões de miséria e ‘periferiza­ção’ da população mais pobre, transforma­ndo bairros sem estrutura em vibrantes comunidade­s economicam­ente criativas e diversas. Globalizar — no sentido mais profundo da palavra — é deixar o mundo ver o que estamos fazendo, aprender com experiênci­as de outros países e levar nosso conhecimen­to e ideias a toda parte. Que venham os novos gestores, que pensam globalment­e e que atuam localmente, por melhores cidades.

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