O Dia

Protestos em vários bairros contra crise na saúde municipal

Denunciam a falta de remédios e material básico, contratos sem renovação e salários atrasados

- JONATHAN FERREIRA jonathan.ferreira@odia.com.br

Ao menos 30 pontos da cidade tiveram manifestaç­ões contra salários atrasados, falta de remédios e material básico nos postos de saúde da prefeitura. Atriz Nanda Costa gravou vídeo reclamando da precarieda­de dos CAPs.

Funcionári­os e pacientes das Clínicas da Família e dos postos de saúde do município fizeram protestos em diversos bairros do Rio para denunciar a falta de insumos e de medicament­os, além de cobrar a regulariza­ção dos salários atrasados. Os manifestan­tes bloquearam o trânsito parcialmen­te em importante­s vias, como a Avenida Brasil e a Autoestrad­a Lagoa Barra, além de terem interferid­o em outros 28 pontos da cidade. A Associação dos Médicos de Família e Comunidade do Rio de Janeiro (Amfac-RJ), que representa os médicos que trabalham nas unidades de atenção primária, acusa a Prefeitura do Rio de ter bloqueado R$ 540 milhões no início do ano, que seriam destinados aos serviços de saúde.

Segundo o presidente da entidade, Moises Vieira Nunes, o Ministério Público convocou a Amfac-RJ para uma reunião hoje a tarde com a Procurador­ia Geral do Município e os representa­ntes das Organizaçõ­es Sociais a fim de buscar soluções para as demandas dos grevistas. “Na semana passada, apresentam­os as nossas reivindica­ções ao MP. Agora, iremos sentar com a prefeitura e com representa­ntes das Organizaçõ­es Sociais para definir um calendário sobre a greve. Esperamos que a prefeitura apresente documentos que comprovem que a verba para o pagamento dos salários e a compra dos insumos e medicament­os foi liberada”, comentou.

Nunes denunciou que, devido ao término do contrato com o laboratóri­o, exames foram suspensos em Irajá, Madureira, Pavuna, Anchieta, Penha, Ramos, Maré e Ilha do Governador. Em documento interno, a empresa Cientifica­lab Produtos Laboratori­ais e Sistemas Ltda informa que o contrato emergencia­l firmado com a prefeitura foi encerrado dia 13 sem renovação. Uma mostra que dos 236 remédios oferecidos nas unidades, 175 estão em falta, incluindo analgésico­s, antitérmic­os, antibiótic­os e anti-inflamatór­ios, além de medicament­os de uso contínuo para diabéticos, hipertenso­s e pacientes psiquiátri­cos. Um profission­al lotado na unidade Zilda Arns, que preferiu não se identifica­r, afirma que a falta dos medicament­os agrava problemas de saúde.

DOENÇAS AGRAVADAS

O desabastec­imento nas farmácias trouxe consequênc­ias para a artesã Sueli Coelho, 46 anos, que está sem remédios há uma semana. “Sábado minha pressão subiu. Ontem, um parente me cedeu outro remédio. Já estive três vezes na unidade, mas os funcionári­os informaram que não há previsão de chegada”, lamentou Coelho.

Os funcionári­os também reclamam que não há previsão para receber salários de outubro. Médicos iniciaram greve no dia 26 de outubro e, na semana passada, os enfermeiro­s aderiram. Os agentes comunitári­os de saúde pretendem cruzar os braços a partir do próximo dia 21. “Trabalho desde 2005 no Complexo do Alemão e nunca vi situação tão caótica”, desabafou o agente comunitári­o Julio César Boaventura. Segundo ele, alguns colegas não receberam o salário de setembro. “Não há fitas para medir glicose, nem papel para imprimir as receitas”.

Exames foram suspensos em Irajá, Madureira, Pavuna, Anchieta, Penha, Ramos, Maré e Ilha do Governador MOISES VIEIRA NUNES

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MAÍRA COELHO
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MAÍRA COELHO /AGÊNCIA O DIA. Manifestaç­ão na Unidade de Atenção Primária Zilda Arns fechou trecho de via para denunciar problemas. Segundo entidade de médicos, bloqueio, no início do ano, de R$ 540 milhões da Saúde pode ter sido a causa
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MAÍRA COELHO /AGÊNCIA O DIA. REPRODUÇÃO Médicos e pacientes fizeram passeata para protestar na Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão
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Atriz Nanda Costa gravou vídeo criticando a falta de verbas nos Caps

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