CHEFÕES DO PMDB NAS GARRAS DA PF
NA ALERJ Caciques do PMDB acusados de esquema milionário de corrupção e cercados pela PF. Como fica o eleitor?
Polícia Federal levou coercitivamente para depor os deputados Jorge Picciani (presidente da Alerj), Paulo Melo e Edson Albertassi, indicado pelo governador Pezão para o TCE. Felipe Picciani, filho do parlamentar, foi preso. Dois empresários de ônibus e outras sete pessoas também foram detidas. Segundo o MPF, eles participaram de esquema de favorecimento a empresas de transportes e empreiteiras pelo Legislativo e Executivo que causou prejuízo bilionário ao estado.
‘Enquanto o Rio de Janeiro definha, esses sujeitos se empapuçam com dinheiro da corrupção”. A afirmação foi dada pelo procurador do Ministério Público Federal, Carlos Alberto Gomes de Aguiar, em coletiva sobre a operação Cadeia Velha, que desmantelou um esquema de pagamentos de propinas de empreiteiras e do setor de transporte coletivo a deputados estaduais. Os sujeitos aos quais o procurador se referiu são o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, o seu antecessor, deputado Paulo Melo, e líder do governo na Alerj, Edson Albertassi, que foram conduzidos coercitivamente para depoimento na Polícia Federal. O esquema incluiria a aprovação de leis para beneficiar empresários do setor de transportes e o uso de firmas para lavar dinheiro. A decisão sobre a prisão deles será definida amanhã, assim como o pedido de bloqueio de bens de todos os envolvidos e das empresas, feito pelo Ministério Público. Só de Jorge Picciani, o valor a ser bloqueado seria de R$ 154 milhões.
Picciani e Melo teriam recebido R$ 112 milhões em cinco anos para facilitar medidas legislativas favoráveis às empresas. Investigadores afirmaram na denúncia que parte do dinheiro foi pago a mando de Sérgio Cabral.
A decisão do desembargador Abel Gomes, do Tribunal Federal da 2ª Região, ordenou a prisão preventiva de Jorge Luiz Ribeiro (que in-
Esquema aprovaria leis para beneficiar setor de transportes e usaria firmas para lavar dinheiro
Partido (PMDB) abriga uma organização criminosa que desvia dinheiro público para se manter no poder MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO
Excessivos benefícios fiscais... efeito avassalador da corrupção... ocasionando o atual colapso das finanças do Rio de Janeiro
DELEGADO DA PF, Alexandre Ramagem
termediaria os pagamentos); Carlos Cesar da Costa Pereira (empresário), Andreia Cardoso do Nascimento (chefe de gabinete de Paulo Melo); além de Lélis Marcos Teixeira, Jacob Barata Filho e José Carlos Reis Lavouras, empresários de ônibus. Foram expedidas prisões temporárias de cinco dias para Anna Claudia Jaccoud, Marcia Schalcher de Almeida, Fabio Cardoso Nascimento e Felipe Carneiro Monteiro Picciani (filho de Picciani).
Foram cumpridos busca e apreensão em 37 endereços. Agentes apreenderam computadores e celulares. Na casa de Albertassi foi apreendida a carta original em que três conselheiros de cargo técnico renunciavam a cargo do Tribunal de Contas do Estado.
A Operação Cadeia Velha, referência ao prédio da Alerj que foi prisão no período imperial, foi antecipada após a indicação de Albertassi pelo governador Luiz Fernando Pezão a vaga de conselheiro, considerada manobra política. A indicação fez com que o procurador do Estado, Leonardo Espíndola, que defende o governador em processos, pedisse desligamento. Procurado, ele disse que “vai tirar licença”.
O superintendente da PF do Rio, Jairo Souza Silva, avaliou que o estado “vem sendo saqueado por este grupo há mais de uma década, tendo como consequência a falência moral e econômica do estado: salários atrasados, hospitais sem condições, polícia sucateada, com metade da frota parada e violência”.