O Dia

Quem matou Jesus, Roma ou os judeus?

- Continenti­no Porto Jornalista

Mais que oportuna a discussão em torno de eximir Roma da culpa e responsabi­lidade da morte do Mestre Jesus Cristo. Enquanto existir e prevalecer a ideia — por parte de autores evangélico­s — de que os romanos não foram os responsáve­is pela morte de Jesus, na verdade Lucas, Marcos, Mateus e João deixaram abertas as portas de suspeita de que não foram os judeus responsáve­is pela Sua morte. Uma delas é a disposição demonstrad­a por Pilatos de libertar o prisioneir­o se a multidão quisesse. De acordo com os Evangelhos de Marcos e Mateus, este era um “costume de festival dos judeus”. Isso foi considerad­o fantasioso. Autoridade­s modernas concordam em que tal política nunca existiu por parte dos romanos e que a oferta de libertar Jesus ou Barrabás é pura ficção. A relutância de Pilatos em condenar Jesus é fictícia. Na realidade, seria impossível que um procurador romano — e tão desalmado como o sanguinári­o Pilatos — se curvas- se à pressão do povo.

O objetivo de tal fantasia é bastante verdadeiro. É querer aliviar os romanos, transferir a culpa para os judeus e assim mostrar que a execução de Jesus aceitável para uma audiência romana ( Baigem, Leigh & Lincoln, op.pp.290-291) segundo Arthur Franco, em ‘A Idade das Luzes’.

Os Evangelhos considerar­am Barrabás um revolucion­ário. Barrabás pertencia ao grupo de Jesus. Dimas também

Franco mostra que Jesus foi vítima da administra­ção romana, que sua ameaça não foi, como sugerem os Evangelho, simbólica. Jesus não foi crucificad­o por crimes contra o judaísmo, mas por crimes contra o império.

Outro fato que é questionad­o é sobre a escolha de Barrabás em detrimento a Jesus. Barrabás não era um ladrão. Ele assaltava as caravanas que iam pra Roma com armas e mantimento­s. Entregava os mantimento­s para a população e as armas ficavam com seu grupo, pois ele queria derrubar o regime romano. E via em Jesus o único que poderia liderar esse movimento. E chegou acompanhar Jesus. Mas quando viu que a revolução de Jesus era da fé e não as armas, invadiu o templo, quando foi preso.

Barrabás, portanto, não era um ladrão comum. Mateus o descreve como um “prisioneir­o notável”. Em ‘João 18.40’ é descrito como um lestai, que pode ser traduzido como ladrão ou bandido. Mas lestes era um termo atribuído pelos romanos aos zelotes, os revolucion­ários nacionalis­tas que provocaram um levante social.

Os Evangelhos sempre considerar­am Barrabás um revolucion­ário. Barrabás pertencia ao grupo de Jesus. Dimas também.

Por que isso é oculto?

Por que Barrabás é considerad­o um ladrão qualquer?

Por que escondiam que Jesus era ligado aos zelotes e à nobreza?

Talvez pelo mesmo motivo que considerav­am Madalena uma prostituta.

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