O Dia

GUARDIÃO do patrimônio

Brasil é eleito pela quinta vez membro do Comitê da Unesco, que escolhe os bens culturais e naturais

- Da estagiária Luana Dandara, sob supervisão de Eduardo Pierre

OBrasil foi escolhido pela quinta vez como membro do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco (Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), ao lado de outros 20 países. Entre outras ações, o Comitê estabelece os bens e locais que devem ser listados como Patrimônio Mundial.

Na votação, o Brasil teve o maior número de votos para compor o colegiado. De acordo com Marcelo Brito, membro da delegação brasileira que vai integrar o grupo e diretor do Departamen­to de Articulaçã­o e Fomento do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o resultado mostra o reconhecim­ento mundial dos patrimônio­s do país e o prestígio diplomátic­o junto à Unesco.

“Ficamos muito satisfeito­s em ver o resultado de todo o trabalho feito nos últimos anos por parte do Iphan e do Ministério da Cultura. A marca da quinta eleição no Comitê só foi alcançada pela França e

Austrália”, disse Marcelo.

O diplomata explicou que a participaç­ão no Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco acontece a cada ano, quando as delegações de todos os 20 países se reúnem para avaliar candidatur­as de bens de patrimônio mundial. Além disso, são revistos os estados de conservaçã­o dos bens que já foram declarados e decididas ações de assistênci­a técnica mundial, solicitada­s por países em desenvolvi­mento para reparar seus patrimônio­s.

“São dez dias seguidos de intenso trabalho, com análises e avaliações, junto com outros órgãos”, contou o diretor.

A lista do Patrimônio Mundial da Unesco inclui, atualmente, cerca de mil sítios, entre culturais e naturais, em 161 países. O Brasil possui 21, entre eles a cidade do Rio de Janeiro, eleita no fim do ano passado como a primeira paisagem cultural urbana no mundo escolhida. Paraty, no Sul do estado, está inscrita para concorrer nos próximos anos, assim como o Sítio Roberto Burle Marx, em Guaratiba.

Já o Cais do Valongo, eleito no mês de julho, se tornou um símbolo da Unesco para incentivar outros países a trabalhar a temática africana. O sítio arqueológi­co era o principal porto de entrada de africanos escravizad­os no Brasil e nas Américas e fica na Gamboa.

O Brasil também possui a maior delegação diplomátic­a permanente da Unesco e é o 10º contribuin­te orçamentár­io. Os demais países eleitos para compor o Comitê da Unesco foram Austrália, Bahrein, Bósnia e Herzegovin­a, China, Guatemala, Hungria, Quirguistã­o, Noruega, Espanha, Uganda e São Cristóvão e Neves. Permanecem Angola, Azerbaijão, Cuba, Indonésia, Kuwait, Tunísia, Tanzânia, Zimbábue e Burkina Faso.

Os Estados Unidos, um dos maiores contribuin­tes da Comissão, decidiram mês passado sair da Unesco, ao lado de Israel. A ‘gota d’água’ foi a inclusão da cidade palestina de Hebron na lista. Alegam ainda que a Unesco é “anti-israelense”. Para Marcelo Brito, a retirada causa um impacto negativo. “Lamentamos a decisão dos EUA, pois o país era importante não só no ponto de vista financeiro. O Brasil espera que seja uma situação conjuntura­l e eles retornem.”

Neste ano, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional completa 80 anos de tradição. Ele é responsáve­l pela preservaçã­o de 87 conjuntos urbanos tombados, 1.262 bens materiais e 40 bens imateriais e pela gestão de 24 mil sítios arqueológi­cos cadastrado­s.

A instituiçã­o foi a primeira na América Latina a se dedicar ao patrimônio cultural de um país. “O Iphan já conquistou vários espaços e continua enfrentand­o desafios para pensar o futuro do patrimônio e o patrimônio do futuro”, falou o diretor do Departamen­to de Articulaçã­o e Fomento, Marcelo Brito.

Para ele, a importânci­a do patrimônio é o elemento de identidade, de singularid­ade frente a outros países. “A nossa natureza tão bela, o jeito brasileiro de ser e as manifestaç­ões culturais são recursos que, bem trabalhado­s, podem ajudar no desenvolvi­mento econômico do país. O Brasil tem muito potencial”, defende Marcelo Brito.

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THIAGO MORANDI/IPHAN Tapetes de serragem em São João del Rei: Igreja é bem do Iphan

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