FUTURO EM CONSTRUÇÃO
Morador do Morro dos Prazeres, Arthur Felizardo, de 20 anos, foi se despedir dos amigos americanos no Aeroporto do Galeão, na última quinta-feira. Fez questão de acompanhar os colegas estrangeiros, que voltaram para bairros da periferia de Boston, onde vivem, depois de trocar experiências pessoais e profissionais com jovens brasileiros da mesma origem social. O intercâmbio é parte do Programa Jovens Construtores, que capacita pessoas de comunidades carentes nas áreas de construção civil, elétrica e de telecomunicações. A formação vai além dos conhecimentos técnicos, e engloba noções sobre o mercado de trabalho e relações interpessoais. Uma nova turma tem início na próxima terça-feira, na Pavuna.
“Mudei completamente a minha visão em relação aos americanos. Percebi que eles têm problemas semelhantes aos nossos, como discriminação racial, poucas oportunidades e violência”, contou Arthur, por telefone, enquanto aguardava o embarque dos colegas.
O programa de capacitação tem abrangência internacional e foi concebido pela organização americana YouthBuild. No Brasil, é aplicado pelo Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), que conta com parceiros como o Senai, Ciee, Metrô Rio e Oi Futuro para tocar as turmas nas áreas carentes do Rio, onde o programa é implementado por instituições locais.
FORMAÇÃO NA PAVUNA
Na Pavuna, a turma que começa na terça-feira vai acontecer na ONG Rongo, espaço conhecido como o Museu do Grafite, na Avenida Pastor Martin Luther King Júnior. As aulas terão duração de cinco meses e irão capacitar 25 alunos em elétrica predial. Como acontece com todas as turmas do Programa Jovens Construtores, a prática começa na própria região em que moram os alunos. “Aqui na Pavuna, eles vão começar com reparos no próprio edifício da ONG e depois vão partir as ações em suas próprias vizinhanças”, diz André Rongo, fundador do Museu do Grafite, que vai receber alunos dos Complexos da Pedreira e do Chapadão.
No Morro dos Prazeres, Arthur e seus colegas de turma reformaram a Associação de Moradores e uma praça que fica perto da casa de uma das moradoras mais antigas da comunidade. Kátia Edmundo, diretora executiva do Cedaps, conta que, em muitos casos, os alunos realizam reparos em suas próprias residências. “Dessa forma, além da capacitação profissional, o curso promove o desenvolvimento local”, diz a diretora. É a quantidade de alunos formados pelos cursos do Programa Jovens Construtores no Rio