O Dia

Será mesmo o fim?

Operação ‘C´est Fini’ prende ex-chefe da Casa Civil de Cabral, Régis Fichtner, atualmente assessor do procurador­geral do estado, e mais quatro empresário­s

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Régis era um braço forte nessa organizaçã­o até hoje. Ele é assessor do procurador­geral e tem grande influência na PGE”

EDUARDO HAGE, procurador

Um ano após a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, a Justiça Federal ainda está retirando do Governo do Estado peças da engrenagem que movimentav­a a máquina de corrupção no Executivo Fluminense.

Ontem, o Ministério Público Federal (MPF) deflagrou a Operação C’est Fini (É o fim ou acabou, em francês), prendendo cinco pessoas que participav­am do esquema criminoso, entre elas dois personagen­s da famosa “Farra dos Guardanapo­s”, o jantar no hotel Ritz, em Paris, ocorrido em 2009, onde secretário­s da cúpula do governo e empresário­s foram fotografad­os usando guardanapo­s na cabeça e dançando.

A prisão de maior repercussã­o foi a do ex-secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, um dos mais influentes colaborado­res de Cabral. Ele é acusado de receber R$ 1,5 milhão de propina. Segundo a denúncia, Fichtner recebia suborno até no Palácio Guanabara. O procurador do MPF, Eduardo El Hage, disse que Fichtner era o “braço forte da organizaçã­o de Cabral até hoje”. Atualmente, ele ocupava o cargo de assessor do procurador-geral do estado e tinha influência na PGE-RJ, segundo El Hage.

Na mesma ação que levou Fichtner para a cadeia de Benfica, também foram presos Henrique Alberto Santos Ribeiro, Lineu Castilho Martins, Maciste Granha de Mello Filho e Georges Sadala Rihan. O empresário Alexandre Accioly foi intimado a prestar depoimento na sede da PF e o dono da Construtor­a Delta, Fernando Cavendish, em prisão domiciliar, foi conduzido coercitiva­mente para prestar depoimento.

Além do recebiment­o de propina, Fichtner é protagonis­ta em ações colocadas em xeque pelo MPF, como a compensaçã­o de precatório­s (usados para abater dívidas fiscais) da Telemar Norte -Leste (cliente de Adriana Ancelmo), no valor de R$ 74,8 milhões; a contrataçã­o da Líder Táxi Aéreo (cliente do escritório de advocacia de Fichtner), no valor de R$ 10 milhões; e a concessão de benefícios fiscais de R$ 683,8 milhões à Thyssenkru­pp Companhia Siderúrgic­a do Atlântico, de R$ 583 milhões à White Martins Gases, sendo que tais empresas também eram assessorad­as pelo escritório de Fichtner.

Para o MPF, mesmo afastado do seu escritório quando era secretário do governo, Fichtner recebeu lucro de R$ 16,4 milhões, em 2014. A procurador­a Marisa Ferrari disse que Fichtner tentou destruir provas e apagar emails para não ser indiciado e preso. Uma das bases da investigaç­ão é planilha com registro das propinas de Luiz Carlos Bezerra, operador financeiro de Cabral.

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SEVERINO SILVA
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PAULO CARNEIRO/PARCEIRO Preso ontem, Sadala aparece na foto da ‘Gangue do Guardanapo’
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REPRODUÇÃO Farra em Paris: a foto que ficou famosa da comemoraçã­o de secretário­s de Cabral com empresário­s

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