Do popular ao clássico, a festa de todas as tribos
Artistas da Baixada Fluminense se apresentaram em dois dias de atrações gratuitas no Sesc Nova Iguaçu. Evento foi realizado pelo jornal O Dia
Chegar até o palco não foi tarefa fácil. No caminho, o grupo teve que parar várias vezes para atender ao assédio dos fãs, com pedidos de fotos, abraços e beijos. Era o Dream Team do Passinho que chegava para se apresentar no Sesc Nova Iguaçu, durante o evento ‘Alma da Baixada’, realizado pelo DIA com oferecimento do Sistema Fecomércio-RJ. Foram dois dias de atrações culturais gratuitas, que destacaram a produção artística local, no fim de semana.
Ao ver o Dream Team do Passinho, a menina Lilith Salles, de 12 anos, disparou a correr e pulou no colo de Rafael Mike, um dos integrantes do grupo. Já no palco, Mike, Lellêzinha,
Diogo Breguete, Hiltinho e Pablinho colocaram todos para dançar. Lilith ficou colada na grade, na primeira fila, e fez o passinho sem errar a coreografia. “Sou muito fã. Sempre vejo eles na TV e fico tentando imitar”, contou a menina.
O Dream Team do Passinho encerrou o primeiro dia de atrações, no sábado. Pouco antes, o caminho por que passaram foi passarela para o desfile da Folia de Reis dos Marinheiros, de Magé. O grupo, que toda noite de Natal percorre as ruas da cidade para cantar e dançar, apresentou uma paródia para a música ‘Asa Branca’, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. “Em cada paródia que fazemos, as letras contam um pedacinho da nossa história”, explicou o caixeiro Adayr Nogueira, de 18 anos.
No teatro do Sesc, onde teve início o cortejo, o grupo dividiu o palco com a Orquestra Sinfônica da Baixada Fluminense, e desfilou entre os instrumentistas. Os palhaços da Folia vinham na frente e faziam acrobacias. Música clássica e cultura popular juntas, no mesmo local. “A música de concerto também é acessível a todos. Nossos músicos são da Baixada, e queremos mostrar que a arte não é restrita às elites”, disse o maestro Iracito Cerqueira, que regeu a orquestra em obras de Antonio Vivaldi e Pixinguinha, entre outros compositores.
Mostrar que a realização artística é possível foi o recado do cineclube Mate com Angu que, junto com o coletivo Buraco do Getúlio, comandou as sessões de cinema. Após a exibição de filmes produzidos por alunos de oficinas, Igor Barradas, um dos fundadores do Mate com Angu, pegou o microfone e passou uma mensagem ao público: “Nós acreditamos na capacidade de os moradores da Baixada produzirem sua própria arte e cultura”, disse o ativista.
Para Dylan Cardhozo, de 24 anos, o recado bateu certeiro. “Eu precisava ouvir o que ele disse. Há tempos tenho um projeto para um curta-metragem. Agora percebo que, para fazê-lo, só dependo da minha vontade”, disse o jovem de Comendador Soares.
No domingo, a catadora Rosalina Cornélio, de 49 anos, dançou jongo pela primeira vez. Ela participou da oficina de danças populares do grupo Dandalua ao lado dos filhos. “Isso é muito bom para abrir o horizonte deles”, disse Rosalina, representando na prática a frase dita no palco por Jaildes Amorim, da orquestra: “A arte pode transformar vidas!”.