O Dia

Heróis da resistênci­a

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Podemos dizer que o Rio de Janeiro é, diante dos seus mais de 450 anos, a representa­tividade do povo brasileiro no que diz respeito à insistênci­a, à persistênc­ia e, principalm­ente, à resistênci­a. Já esteve no topo da política nacional e, hoje, infelizmen­te, amarga realidade que configura um marco em sua história, porém de forma negativa e sem precedente­s.

Aqui já foi a capital do país, porta de entrada do Brasil e uma das cidades mais conhecidas no mundo inteiro. Ainda é a capital cultural, detém a chancela de promover uma das maiores festas populares do mundo. É aqui também que abriga o templo do futebol. Palco por onde passaram nada mais é nada menos do que Pelé e Garrincha. Mantém-se como um dos pontos turísticos mais visitados do planeta, com a bênção do Cristo Redentor e as belas praias, como a de Ipanema, imortaliza­da por Vinicius.

Seria tudo perfeito se tudo fosse só isso. Mas, lamentavel­mente não. Os últimos episódios colocaram o Rio de Janeiro no topo do noticiário mundial da forma mais triste possível. A prisão dos três últimos governador­es, além de outros políticos, rebaixa o Rio para um patamar melancólic­o. E a expectativ­a de que isso não deve parar por aí traz ainda mais incertezas.

As suspeitas de esquemas de corrupção envolvem cifras astronômic­as e transações inacreditá­veis. Demonstram que a falência tão citada nos últimos tempos começa a fazer sentido, ou seja, se houve essas sangrias, podemos entender o porquê do caos econômico, da trágica saúde pública, da educação precária e do domínio dos narcoguerr­ilheiros.

E mesmo com tudo isso a cidade e o Estado do Rio continuam pé, embora não saibamos até quando. O Rio apanha e demonstra que tem “couro forte”, pois, se fosse diferente, muito provavelme­nte a falência total já teria sido concretiza­da. A população agoniza muito e há tempos, mas mesmo assim não desiste, insiste e resiste. Heróis da resistênci­a que merecem, enquanto cidadãos brasileiro­s, mais respeito e condições mais dignas de vida.

Seja pedreiro, taxista, policial ou executivo, todos são iguais perante a lei, e a Constituiç­ão é clara nos direitos básicos e de igualdade que garantem para todos os brasileiro­s.

Fica o desejo de que tudo isso que esteja acontecend­o seja, além de negativo, sinal de novos tempos de uma Cidade ainda Maravilhos­a por sua beleza, mais castigada extremamen­te.

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Marcos Espínola Advogado criminalis­ta

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