TERESÓPOLIS: A HORA DE MUDAR
Cidade sofre com crise política e atrasos de salários dos servidores. Mesmo assim, município procura contornar as dificuldades com ações para aquecer a economia e o turismo.
Teresópolis atualmente é dona de um triste recorde. Nos últimos seis anos, nada menos do que cinco prefeitos ocuparam o cargo máximo do poder executivo. Em meio ao caos político, os moradores do município têm assistido atônitos à dança das cadeiras e, claro, torcem por uma solução que possa significar melhores dias para a cidade. Mas, infelizmente, a luz no fim do túnel não é percebida. São graves e diversos os problemas que atingem a cidade da Região Serrana.
Na esfera política, impera a incerteza, com a recente ‘guerra’ entre o prefeito licenciado Mario Tricano e a Câmara de Vereadores. Esta, por sinal, instaurou recentemente uma Comissão Processante contra o antigo chefe do executivo, enquanto a prefeitura é ocupada interinamente pelo vice-prefeito Sandro Dias. Para piorar, os servidores municipais estão em greve desde março e recebem parceladamente os salários. Nas ruas, como não poderia deixar de ser, diversas são as reclamações dos moradores com a situação da cidade.
Em alguns bairros — nobres ou mais humildes —, é possível encontrar ruas onde os postes de luz ficam apagados durante a noite, comprometendo a iluminação pública e causando transtornos aos moradores. Outros têm ruas com piso comprometido ou esburacadas. No bairro Campo Grande, um dos mais afetados pelas fortes chuvas de 2011, há ainda preservado um ‘monumento’ da tragédia. Um prédio de três andares, que recebeu verbas federais para ser demolido, continua de pé. Em uma das laterais do edifício, pichações ‘cobram’ por justiça e novas moradias.
Para o advogado Maurício Mendes, o momento atual de Teresópolis é desolador. Segundo ele, apesar da qualidade de vida ser muito, com baixos índices de violência, por exemplo, a cidade sofre com alguns aspectos negativos. Entre eles, a falta de renovação política e a atual instabilidade provocada pela crise institucional entre os poderes executivo e legislativo. “A briga entre a Prefeitura e a Câmara de Vereadores prejudica a todos, sem exceção. O município precisa de renovação. Mas não só de pessoas, mas da forma de pensar”, opina.
A crise também se reflete no sistema de saúde. Nos postos e na única UPA de Teresópolis, pacientes e acompanhantes reclamam da falta de medicamentos e de algumas especialidades. “O atendimento é bom. Eles fazem o que podem. Hoje, vim trazer o meu tio para colher sangue. Mas, semana passada, um primo do meu marido não conseguiu pegar remédio para alergia”, conta a desempregada Giliane de Oliveira.
Em certos casos, os doentes são encaminhados para unidades em outros municípios. A dona de casa Cristina Gomes, por exemplo, conta que a mãe vai precisar amputar uma das pernas e o procedimento só poderá ser feito em Itaperuna, mais de 250 quilômetros de distância de Teresópolis. “É ruim ter de se deslocar para tão longe”, reclama.