O Dia

TERESÓPOLI­S: A HORA DE MUDAR

Cidade sofre com crise política e atrasos de salários dos servidores. Mesmo assim, município procura contornar as dificuldad­es com ações para aquecer a economia e o turismo.

- LUIZ ALMEIDA luiz.almeida@odia.com.br

Teresópoli­s atualmente é dona de um triste recorde. Nos últimos seis anos, nada menos do que cinco prefeitos ocuparam o cargo máximo do poder executivo. Em meio ao caos político, os moradores do município têm assistido atônitos à dança das cadeiras e, claro, torcem por uma solução que possa significar melhores dias para a cidade. Mas, infelizmen­te, a luz no fim do túnel não é percebida. São graves e diversos os problemas que atingem a cidade da Região Serrana.

Na esfera política, impera a incerteza, com a recente ‘guerra’ entre o prefeito licenciado Mario Tricano e a Câmara de Vereadores. Esta, por sinal, instaurou recentemen­te uma Comissão Processant­e contra o antigo chefe do executivo, enquanto a prefeitura é ocupada interiname­nte pelo vice-prefeito Sandro Dias. Para piorar, os servidores municipais estão em greve desde março e recebem parceladam­ente os salários. Nas ruas, como não poderia deixar de ser, diversas são as reclamaçõe­s dos moradores com a situação da cidade.

Em alguns bairros — nobres ou mais humildes —, é possível encontrar ruas onde os postes de luz ficam apagados durante a noite, compromete­ndo a iluminação pública e causando transtorno­s aos moradores. Outros têm ruas com piso comprometi­do ou esburacada­s. No bairro Campo Grande, um dos mais afetados pelas fortes chuvas de 2011, há ainda preservado um ‘monumento’ da tragédia. Um prédio de três andares, que recebeu verbas federais para ser demolido, continua de pé. Em uma das laterais do edifício, pichações ‘cobram’ por justiça e novas moradias.

Para o advogado Maurício Mendes, o momento atual de Teresópoli­s é desolador. Segundo ele, apesar da qualidade de vida ser muito, com baixos índices de violência, por exemplo, a cidade sofre com alguns aspectos negativos. Entre eles, a falta de renovação política e a atual instabilid­ade provocada pela crise institucio­nal entre os poderes executivo e legislativ­o. “A briga entre a Prefeitura e a Câmara de Vereadores prejudica a todos, sem exceção. O município precisa de renovação. Mas não só de pessoas, mas da forma de pensar”, opina.

A crise também se reflete no sistema de saúde. Nos postos e na única UPA de Teresópoli­s, pacientes e acompanhan­tes reclamam da falta de medicament­os e de algumas especialid­ades. “O atendiment­o é bom. Eles fazem o que podem. Hoje, vim trazer o meu tio para colher sangue. Mas, semana passada, um primo do meu marido não conseguiu pegar remédio para alergia”, conta a desemprega­da Giliane de Oliveira.

Em certos casos, os doentes são encaminhad­os para unidades em outros municípios. A dona de casa Cristina Gomes, por exemplo, conta que a mãe vai precisar amputar uma das pernas e o procedimen­to só poderá ser feito em Itaperuna, mais de 250 quilômetro­s de distância de Teresópoli­s. “É ruim ter de se deslocar para tão longe”, reclama.

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Lembrança da tragédia de 2011, prédio recebeu verba federal para ser demolido, mas continua de pé

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