O Dia

CONVOCATÓR­IA

- LEANDRO MAZZINI

O presidente Michel Temer determinou ontem no fim da manhã uma convocação imediata de todos os ministros — palacianos e da Esplanada — para reunião no fim de semana. Quer todos em Brasília a partir de hoje. Determinou que ministros cancelasse­m agenda fora da capital e no exterior. A informação primária passada pelo Palácio é que surgiu uma oportunida­de de votar até dia 20 em primeiro turno a PEC da Reforma da Previdênci­a. Mas continua o vaivém de votos.

Plantonist­as

Temer quer de plantão em Brasília, em especial, os ministros com atuação forte nas bancadas da base na Câmara. A contagem de votos é diária; aliás, horária.

Cara a tapa?

Mas há quem diga, na própria base, que não há clima nem quantidade para 308 votos da reforma. Nem este ano, nem ano que vem — principalm­ente antes da eleição...

Lula’n Rio

Lula vai se encontrar com sambistas da Beija-Flor e Mangueira no Rio dia 7, fora da agenda. E dia 8 faz ato público na Uerj. Quer festa.

Frente Lulista

Lula vai repetindo a coalizão de 2002. Os presidente­s do PDT (Carlos Lupi), PT (Gleisi Hoffmann), PSB (Carlos Siqueira) e PCdoB (Luciana Santos) agendaram reunião para a última semana antes do Natal, em Brasília, para acertar a agenda

SÓ NO...

O MINISTRO DAS CIDADES, Alexandre Baldy, só teve uma agenda oficial nos últimos sete dias — visitar o prefeito da sua Goiânia. De resto, tem tomado nota da situação da pasta.

Vergonha!

Mais de três meses depois da determinaç­ão da presidente do CNJ, ministra Cármen Lúcia, para que os TJs e TREs liberassem a lista dos salários dos juízes, só os TJs de Minas e Espírito Santo, e o TRE de São Paulo disponibil­izaram a lista nominativa-salarial.

In Memorian

A internet fechou ontem a tampa do caixão da versão impressa do colossal Diário Oficial da União, leitura obrigatóri­a para quem deseja saber os pormenores dos Três Poderes, e quem é quem — e o que faz. A partir de hoje, só a versão online.

Bastidor

A Imprensa Nacional tem 155 anos, e o D.O.U. como o conhecíamo­s até ontem nasceu no governo José Sarney, no gabinete da Casa Civil do então chefe Marco Maciel. No lançamento do Plano Cruzado, a tensão era tanta que os funcionári­os da gráfica ficaram confinados de sexta a segunda, sem contato,

da ‘Frente em Defesa da Democracia’. O nome do movimento foi definido há dias na capital.

Contrapeso

A Frente terá o apoio das Fundações Leonel Brizola (PDT), Perseu Abramo (PT), João Mangabeira (PSB) e Maurício Grabois (PCdoB) e vai mobilizar representa­ntes da sociedade civil em defesa do sistema político presidenci­alista, entre outros objetivos.

Livre mercado

Venceu a voz do mercado livre. A Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara derrubou o projeto do deputado Áureo (SD-RJ) que alterava o modelo de atuação de shoppings, considerad­o referência no exterior. Foi apertado, por 13 votos a 11.

Ou seja...

...prevaleceu a máxima de que o setor não é regulado em país nenhum, e continua a liberdade contratual entre lojistas e administra­doras de shoppings.

...CADERNINHO

para rodar o calhamaço da edição histórica.

Banda de Ipanema

O saudoso Albino Pinheiro, fundador da Banda de Ipanema, será homenagead­o no livro que seu irmão Cláudio Pinheiro começou a escrever. Vai abordar a história da Banda e da Associação dos Moradores do elegante bairro carioca, uma das primeiras do país.

Há vagas

O Hospital Geral do Ingá, em Niterói, abre hoje inscrições para profission­ais de saúde habilitado­s em Medicina, Enfermagem, Fisioterap­ia e em técnicas hospitalar­es. Eles ocuparão as vagas do novo CTI que será inaugurado.

Ponto Final

Mais um da série de esculachos a políticos em aviões. ‘Viralizou’ nas redes um vídeo que flagra o senador Romero Jucá (PMDB-RR) irritado — ele tentou derrubar o celular da mão da mulher que filmava e o provocava.

GLuís Pimentel ilberto Gil, que merece todas as homenagens, foi o grande homenagead­o esta semana da primeira edição do prêmio UBC, promovido pela sociedade de artistas à qual pertence, a União Brasileira de Compositor­es. Todos os prêmios para Gil, hoje e sempre, pois se existe um brasileiro que faz por merecer honrarias é esse bom baiano, cuja obra musical tem sido trilha sonora em nossas vidas há algumas décadas.

Um dia, descendo a Ladeira da Preguiça, em Salvador, pensei em Gil. A via (que já foi crúcis e hoje é ponto turístico) era triste como os escravos que a subiam carregando sacos de mercadoria­s nas costas, do Porto para a Cidade Alta. Hoje, eu soube, a ladeira que a inspirou está bonita e enfeitada, graças ao trabalho de grafiteiro­s que encheram paredes sombrias com imagens tão alegres e coloridas quanto o povo baiano.

de Gil porque, ao ver a placa de rua, comecei num impulso a cantarolar os seus versos que dizem “Preguiça que eu tive sempre de escrever para a família / E de mandar conta pra casa que esse mundo é uma maravilha”. E me dei conta de que precisava escrever para a família. E de contar que, maravilhos­o ou não, o mundo também me recebera longe de casa. E ia me permitindo viver.

Na trilha de uma vida tocada a Gil sobrevive uma profunda alegria por existir no mesmo tempo e espaço em que ele

E me dei conta, também, do quanto as canções de Gil eram (foram e são) marcantes em minha vida. Nas nossas, provavelme­nte.

Naquele momento, meados da década de 70 do século passado, o baiano do interior aqui vivia na capital, que para mim era o mundo. O baiano Gil também estava nos braços do mundo, enfrentand­o o exílio londrino. Eu arrumava as malas para seguir pro Sudeste maravilha, cantarolan­do “O Rio de Janeiro continua lindo”. Então segui, e temos seguido, com Gil na trilha sonora dos sonhos (o seu sonho preferido por mim é aquele em que ele se encontra “Num congresso mundial, discutindo economia”, defendendo a “Ampliação do espaço cultural da poesia”...) e no corpo a corpo suado com o planeta, quando “De repente as águas ficam turvas”.

Na trilha dos dias revi emoções com Gil sorrindo ao falar de música, chorando ao lamentar a perda de um filho, indo aos céus para exaltar a poesia e descendo até “Debaixo do barro do chão da pista onde se dança”, para falar de dificuldad­es com a saúde. Na trilha de uma vida tocada a Gil sobrevive uma profunda alegria por existir no mesmo tempo e espaço em que ele, pisar o chão onde ele pisa, respirar o ar que ele respira, ser contemporâ­neo de sua música e de sua poesia.

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